Rio de Janeiro - 14/07/2021 - Violência/ Rio de Janeiro - Polícia faz nesta quarta reprodução simulada da morte de Kathlen Romeu no Lins.policiais civis durante a reconstituição Foto : Fábio Costa/ Ag.O DiaFábio Costa/Ag.O Dia
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Lucas Cardoso
Publicado 14/07/2021 19:08
Rio - A Polícia Civil concluiu, no fim da tarde desta quarta-feira, a reconstituição da morte de Kathlen Romeu, de 24 anos, no Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio. O procedimento contou com a participação de cerca de 50 policiais civis e peritos, que ocuparam a Rua Araújo Leitão, na comunidade Barro Vermelho, onde o disparo atingiu a jovem. Parentes, familiares e amigos de Kathlen, além de representantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ acompanharam a simulação que levou  três horas e meia. O procurador da comissão, Rodrigo Mondego, disse que a versão apresentada pelos dois PMs ouvidos contradiz dinâmica relatada pela avó da jovem e vai contra análise feita sobre perícia da Polícia Civil.
"O que foi dito pelos policiais aqui no local é que o tiro teria partido, não do beco, mas sim de outra localidade aqui na região. O que é incompatível com o que a gente conseguiu analisar da perícia, mas podemos afirmar que é totalmente incompatível com o relato da avó", explicou Mondego, após o fim da reprodução simulada.

Pelo relato dos policiais, o disparo que atingiu a designer, que estava grávida de 14 semanas, teria partido de criminosos que estavam na Rua Araújo Leitão, mesma rua onde ela passava com a avó. A versão é diferente da apresentada pela avó, que defende que os disparos partiram de cima para baixo vindos de policiais que estavam em uma escadaria, conhecida Beco do 14.

A versão da avó, Sayonara de Oliveira, que caminhava com Kathlen quando ela foi atingida é compatível como laudo cadavérico ao qual a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) teve acesso. No documento, foi revelado que o disparo atingiu a jovem de cima para baixo.

"Para o projetil ter atingido ela do jeito que eles falaram, ela não poderia estar andando de frente para o final da rua, que é a versão que a avó diz desde o início, mas sim teria que ter dado um rodopio para cair de frente, como ela caiu. Não teria muito sentido essa versão", defendeu o advogado.

Abalada, a avó da jovem Kathlen chegou a falar com a imprensa sobre ter que reviver a morte da sua neta. "Tá muito duro o dia de hoje. Todos os dias, mas hoje, principalmente. É muito duro pisar ali naquele lugar", comentou. "É impossível o despreparo. Eles se depararam com bandido e não conseguiram acertar ninguém, só a minha neta?", questionou Sayonara.

A reconstituição do caso começou por volta das 13h, cerca da 30 minutos após o programado. A ação contou com cerca de 50 policiais civis, entre eles agentes da Coordenadora de Operações Especiais (Core), seis viaturas e dois blindados.

A área foi isolada pela equipe policial para que as equipes da Core, equipes da Delegacia de Homicídios da Capital, policiais militares da UPP do Lins, a avó, o namorado e os pais de Kathlen pudessem participar da simulação. Pouco antes da reprodução simulada, agentes da Core atuaram na região para evitar confrontos durante os trabalhos da DHC.
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Durante a simulação, os policiais suspeitos de envolvimento no caso foram hostilizados por moradores da comunidade, amigos e parentes de Kathlen que acompanhavam a simulação. O momento mais tenso aconteceu quando um dos PMs, que usava roupas pretas e uma balaclava para preservar sua identidade, precisou ultrapassar o cerco feito pelas equipes do Core para mostrar a dinâmica do caso.
"Assassino, assassino", "Você vai pagar pelo que fez" e "Justiça por Kathlen" foram alguns dos gritos direcionados ao policial militar.  O grupo também chegou a cantar os seguintes versos: "Polícia assassina. Chega de chacina".
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As equipes da Polícia Civil que realizaram a reprodução simulada também foram hostilizados na saída do local.
Representantes da Secretaria de Estado de Vitimados (Sevit) estiveram no local durante a reprodução simulada para prestar suporte aos familiares de Kathlen. De acordo com o órgão, os parentes da jovem tem atendimento psicológico desde que o caso aconteceu.
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Kathlen morreu no dia 8 de junho, vítima de um tiro de fuzil. Ela visitava a avó quando foi alvo do disparo que atingiu seu tórax.
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