Família da jovem Kathlen Romeo foi ouvida na DH Capital, na Barra da Tijuca. Na foto, a avó, Sayonara Fátima e Rodrigo Mondego, procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJEstefan Radovicz / Agência O Dia

Por *Thalita Queiroz
Rio - A reprodução simulada da morte de Kathlen Romeu, 24, morta no dia 8 de junho, em uma ação da Polícia Militar no Complexo do Lins, na Zona Norte, foi marcada para o dia 14 de julho. De acordo com Rodrigo Mondego, procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, que acompanha os familiares da jovem nos depoimentos no Ministério Público do Rio, a reconstituição vai ajudar a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) a identificar da onde partiu o tiro que matou Kathlen.

Ao DIA, Mondego revelou também que o promotor de Justiça responsável por ouvir os parentes mencionou que já há uma suspeita de onde tenha partido o disparo, mas a informação está sob sigilo. "O promotor teve um primeiro contato com os familiares da Kathlen Romeu hoje e está aguardando o resultado da reprodução simulada para seguir com o caso", explicou Mondego.

A avó de Kathlen, Sayonara de Fátima Queiróz de Oliveira, está sendo ouvida desde às 13h desta terça-feira, na Auditoria de Justiça Militar. Ela estava com a jovem no momento do tiroteio, e afirmou que implorou por socorro à uma equipe da PM que estava atuando na região. Os depoimentos fazem parte do Procedimento Investigatório Criminal (PIC) instaurado pela promotoria junto à Auditoria Militar.

Kathlen estava na comunidade para visitar parentes e foi atingida durante um tiroteio entre a Polícia Militar e traficantes, segundo a corporação. A jovem chegou a ser socorrida, mas, conforme a Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS), não resistiu aos ferimentos e morreu logo após chegar ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, também na Zona Norte.

O porta-voz da PM, major Ivan Blaz, disse na ocasião que policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Lins foram atacados por traficantes. Segundo o porta-voz, os PMs foram os primeiros a chegar no local em que Kathlen estava. De acordo com ele, os militares afirmaram que não foram os responsáveis pelos disparos que mataram a jovem.
No entanto, ao contrário do que alega a corporação, os moradores da comunidade Barro Vermelho, no Complexo do Lins, reafirmam que o tiro de fuzil que matou Kathlen Romeu partiu da Polícia Militar. Eles usam o termo "cavalo de troia" para explicar a ação dos militares.
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"Eles fizeram 'troia' para atacar os bandidos, mas acabaram matando uma inocente grávida (Kathlen estava no quarto mês de gestação). Eles estavam escondidos dentro de uma casa desde a manhã, por várias horas, esperando os bandidos aparecerem. Quando eles surgiram, os PMs atiraram de dentro dessa casa. Mas quem morreu foi a menina inocente. Foram dois tiros apenas. Não houve tiroteio", disse uma moradora da comunidade, que afirmou ter presenciado o momento.
Segundo ela, os policiais só pararam de atirar após os gritos da avó da vítima, que foi atingida na Rua Araújo Leitão, por volta de 14h: "Logo depois dos tiros eu só vi a tia gritando: 'para, para, ajuda a socorrer'. Aí eles pararam de atirar. Eu fui ajudar e vi que a Kathlen tinha sido atingida", informou a moradora.
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Armas apreendidas
Segundo a Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol), cinco dos 12 policiais que estavam na comunidade no momento em que Kathlen foi morta já foram ouvidos na DHC. Também foram apreendidas as armas do policiais militares: 10 fuzis calibre 7.62, dois fuzis calibre 5.56 e nove pistolas .40.
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*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes