Prefeito Eduardo Paes lança modelo de novo sistema de bilhetagem digital no RioMarcos Porto/ Agência O DIA
Publicado 21/07/2021 13:23
Rio - A Prefeitura do Rio lançou nesta quarta-feira (21) o modelo do novo sistema de bilhetagem de ônibus que está previsto para entrar em vigor em março de 2022. Passado um ano e seis meses da implantação do novo sistema, a expectativa é de que a passagem não seja mais paga em dinheiro pelo passageiro ao motorista. Para isso, o novo modelo vai aceitar diversos meios de pagamento: cartão bancário, QR Code, celular e Pix.
A Prefeitura promete facilidade de recarga e portabilidade entre os cartões, além de recuperação de créditos e de emissão de 2ª via. O primeiro cartão será gratuito e não haverá valor de recarga mínima.
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O objetivo da reformulação do sistema de bilhetagem é que o Poder Executivo, e não as empresas privadas, controlem o fluxo financeiro do sistema de Transportes do Rio. Segundo o prefeito Eduardo Paes, é um primeiro passo para que o município possa subsidiar o setor.
"Acho impossível a gente chegar a uma fórmula adequada que não vá ter subsídio para que a gente possa, por exemplo, remunerar as empresas pelos quilômetros rodados e não mais pelo número de pessoas transportadas", afirmou o prefeito. Paes diz que a medida vai no sentido de conferir transparência ao setor privado para possibilitar o aporte de dinheiro público na melhoria do transporte.
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O prefeito Eduardo Paes disse que a reformulação completa do sistema é o principal desafio de sua gestão. "Vamos passar a premiar aqueles que transportam com qualidade, que colocam o serviço à disposição da população e não aqueles que entulham os ônibus", afirmou.
Créditos remanescentes
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A secretária de Transportes, Maína Celidônio, afirmou que quando o novo sistema de bilhetagem entrar em vigor, os usuários terão seis meses para usar os créditos do modelo atual. Ao contrário do que acontece atualmente, os créditos remanescentes dos usuários ficarão guardados pela prefeitura e poderão ser recuperados.  "A gente já mandou vários ofícios perguntando o saldo remanescente, mas nos é negada essa informação. É um setor que está fragilmente regulado. Transporte é um serviço público que deve ser regulado pelo setor público", acrescentou.
Em nota, a Riocard, por meio da Fetranspor, informou que os créditos não expiram desde maio de 2019 por decisão da Justiça. Ou seja, pertencem somente aos passageiros e não podem ser utilizados por terceiros, "muito menos para financiar a mobilidade como se estuda na Prefeitura".
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Pontos de atendimento
Para facilitar o atendimento, a prefeitura vai disponibilizar 15 pontos presenciais comerciais de venda de cartões, que representam uma quantidade três vezes maior de postos da Riocard em funcionamento hoje. O usuário poderá ainda fazer recarga de cartões em máquinas de autoatendimento (ATM) ou online, por meio de um site ou de um aplicativo. Isso vai permitir que o crédito entre no momento da recarga e não mais em 48h, como acontece atualmente.
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Demanda monitorada
Com o controle da bilhetagem, a Prefeitura também espera aprimorar o monitoramento da demanda de transportes. Será possível identificar as origens e destinos dos passageiros por meio de dados de GPS instalados nos novos validadores. Com isso, será possível fazer investimento específico para atender diferentes trajetos e evitar o fim das linhas. A Prefeitura também espera monitorar as posições dos ônibus com mais precisão.
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O novo modelo pretende ampliar a integração para outros modos de transportes, incluindo os sistemas Bike Rio e Táxi Rio.
Redução nas passagens
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Para tentar reduzir o valor das passagens, a Prefeitura aposta na separação das responsabilidades do sistema de transporte.
"A gente quer trazer empresas mais especializadas para cada atividade. Hoje, todos os serviços são providos pelo mesmo grupo: bilhetagem, administração de terminais e estações, provisão de ônibus, operação e garagens. Se a gente repartir esse sistema, onde cada um esteja produzindo seu melhor, vamos entregar um serviço melhor pelo mesmo preço ou menor. Vamos ter que abrir a caixa para verificar se o sistema está deficitário", explicou a secretária de Transportes, Maína Celidônio.
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No caso do serviço de bilhetagem eletrônica, a prefeitura pretende arrecadar receitas com venda de publicidade no cartão, e no aplicativo - cada usuário terá uma conta.
Maína afirmou que ao longo do ano serão anunciadas novas medidas. "A gente espera que ao final do ano que vem a gente esteja com modelo de transportes totalmente reformulado e moderno", afirmou.
O edital para as empresas se candidatarem a operar o sistema será publicado no dia 30 de agosto. A licitação deve ser feita em setembro. O vencedor será declarado em outubro, que começará a operar em março. A concessão vai durar dez anos e a Prefeitura ficará responsável também pelo pagamento aos operadores. 

Em relação aos operadores de transportes, todos pagarão a mesma taxa de administração ao concessionário da bilhetagem digital, que será de 3%. Atualmente há diferenças nas cobranças.
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A Riocard diz em nota que as propostas apresentadas pela Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) para a licitação do sistema de bilhetagem eletrônica já são realidade para os clientes que utilizam o transporte público na cidade do Rio. "Diferentemente do que foi exposto, a Riocard mantém um fluxo transparente de informações sobre a operação das empresas de transporte, que são enviadas diariamente para análise da Prefeitura. Com esses dados, o governo municipal tem todas as condições de planejar a mobilidade da cidade do Rio", diz o texto.
NOTA RIO ÔNIBUS

A Rio Ônibus divulgou nota sobre a apresentação do novo modelo de bilhetagem da Prefeitura. Segundo o sindicato das empresas de ônibus da cidade do Rio, a apresentação da Secretaria Municipal de Transportes do Rio não sinaliza prazos ou cronogramas para, de fato, dar suporte econômico necessário aos consórcios para que tenham condições de oferecer um serviço de qualidade. "Apenas durante a pandemia, duas empresas fecharam, nove passaram a operar em regime de recuperação judicial e sete mil rodoviários foram demitidos, além de perda de arrecadação de R$ 1,5 bilhão", diz em nota.

Sobre modificações no sistema de bilhetagem eletrônica, o Rio Ônibus diz que a apresentação abordou apenas aspectos conceituais e precisa receber detalhamentos mais técnicos acerca da proposta do município, para poder se manifestar, ressaltando, porém, que não há uma caixa preta, já que os dados são disponibilizados na forma contratual à Secretaria.

"Como dito por Eduardo Paes, o sistema é deficitário e demanda investimento de recursos públicos. O que reafirmamos é a urgência do setor em receber esse apoio. Não há como aguardar mais 12 meses sem que nada seja feito. O auxílio ao setor não pode depender da Bilhetagem. São assuntos diferentes", afirma Paulo Valente, porta-voz do Rio Ônibus.
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