Publicado 28/07/2021 17:57
Rio - Uma profissional da saúde foi tirada à força do seu posto de trabalho, dentro do hospital modular de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, por um policial militar do 20ª BPM (Mesquita), no sábado (24), após reclamar da comida que pediu em um restaurante do município. Identificado como Ronald Marcelino Gomes, o PM teria sido acionado pelo motoboy do restaurante Baroni Gastronomia, localizado na rua Rita Gonçalves, no Centro do município, após a cliente, que não teve o nome divulgado, fazer uma série de reclamações através do aplicativo de comida iFood. Entre as reclamações estavam a falta de talher e o atraso de 30 minutos na entrega.
A funcionária do hospital se recusou a pagar pois, segundo a mesma, o pedido havia sido cancelado pelo próprio estabelecimento para que não recebesse uma pontuação baixa. Mesmo com o pedido cancelado, o motoboy recorreu à PM para que o caso fosse solucionado. Antes de sair para acionar a polícia, ele teria dito que a cliente "não sabia com quem estava se metendo e que era militar da reserva".
Uma equipe do 20º BPM se dirigiu até a unidade hospitalar prontamente e pediu para que a funcionária se apresentasse na delegacia. Toda a cena foi filmada e divulgada no RJTV1 exibido nesta quarta-feira. Nas imagens, a cliente diz que não vai pois está sem advogado para acompanhá-la. Diante da recusa, a mulher é arrastada pelo policial e com uma chave de braço é levada até a viatura. A cliente chegou a fazer exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).
Em uma outra versão, dada pelo motoboy, Neemias Francisco dos Santos, ele afirma que foi vítima de preconceito por parte da cliente. O motoboy teria sido agredido com ofensas verbais após fazer a cobrança do pedido.
Em uma outra versão, dada pelo motoboy, Neemias Francisco dos Santos, ele afirma que foi vítima de preconceito por parte da cliente. O motoboy teria sido agredido com ofensas verbais após fazer a cobrança do pedido.
O caso repercutiu nas redes sociais e o estabelecimento começou a receber uma onda de mensagens de indignação. Diante disso, o estabelecimento Baroni Gastronomia disse que todas as acusações estão sendo esclarecidas junto aos envolvidos. Pediu ainda que as mensagens de ódio fossem contidas.
Veja na íntegra:
O DIA procurou o advogado criminalista Douglas Assis para esclarecer se a intervenção no caso era de competência da Polícia Militar e qual a postura correta neste tipo de situação. Segundo Douglas, não era de competência da PM agir neste caso. "O que eles poderiam ter feito era registrar um boletim de ocorrência na delegacia, sem a necessidade de conduzir a mulher até a unidade. Isso se caracteriza como abuso de poder", disse.
Já a Polícia Militar informou, por meio de nota, que um procedimento apuratório foi instaurado pelo comando do 20ºBPM (Mesquita) para apurar as circunstâncias da ocorrência do dia 24/07 e a conduta dos policiais militares, seguindo posteriormente para a Corregedoria da Polícia Militar. O fato foi registrado na 52ª DP (Nova Iguaçu), que deu prosseguimento encaminhando o caso ao Juizado Especial Criminal (Jecrim).
Procurado, o Jecrim ainda não retornou com informações sobre o andamento do caso. O DIA também procurou Erika Baroni, proprietária do estabelecimento Baroni Gastronomia, mas não houve retorno até o fechamento desta reportagem. O aplicativo iFood também não se pronunciou até o momento para esclarecer se o pedido foi realmente cancelado por parte do estabelecimento. O espaço está aberto para manifestações.
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