Publicado 18/08/2021 11:46
Rio - O superintendente operacional da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), Sandro Faria Gimenes, e o subsecretário Wellington Nunes da Silva, presos nessa terça-feira pela Polícia Federal na mesma operação que levou o secretário Raphael Montenegro para a cadeia, teriam intervindo diretamente nas negociações do chefe do órgão com traficantes durante visita ao presídio federal de Catanduvas, no Paraná, em maio. O desembargador relator Paulo Cesar Morais Espírito Santo, que assina a decisão das prisões, frisa que “Sandro e Wellington participaram ativamente das entrevistas com os presos Fabiano Atanásio da Silva, conhecido como ‘FB’, e Rodrigo da Silva Rodrigues, o ‘Tineném’”.
Na conversa com “FB”, o então secretário Raphael Montenegro afirma não se importar se presos de alta periculosidade como Abelha, Xará, Marcinho do Turano, entre outros, empreendem ações criminosas fora da cadeia. Segundo as investigações, o objetivo era negociar a transferência dos presos para o Rio, com a contrapartida de que eles não inflassem a criminalidade nas regiões onde atuam no Rio. As investigações apontam que as negociações eram uma forma de o secretário garantir influência junto aos criminosos a fim de negociar como, onde e de que forma o crime seria cometido no estado. Ainda não se sabe se também havia contrapartida financeira.
Na conversa com “FB”, o então secretário Raphael Montenegro afirma não se importar se presos de alta periculosidade como Abelha, Xará, Marcinho do Turano, entre outros, empreendem ações criminosas fora da cadeia. Segundo as investigações, o objetivo era negociar a transferência dos presos para o Rio, com a contrapartida de que eles não inflassem a criminalidade nas regiões onde atuam no Rio. As investigações apontam que as negociações eram uma forma de o secretário garantir influência junto aos criminosos a fim de negociar como, onde e de que forma o crime seria cometido no estado. Ainda não se sabe se também havia contrapartida financeira.
FB é integrante da cúpula do Comando Vermelho, líder do tráfico de drogas da Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha. É apontado como um dos mais perigosos criminosos do estado.
“A gente conversa muito com CURITIBA ali, com todo mundo, ABELHA, XARÁ, MARCINHO DO TURANO, ISAÍAS, BENEMÁRIO, PIXOTE, PAULO, todo mundo, a gente conhece todo mundo... vem cá a gente fala o seguinte, meu irmão vem cá, o que tu faz na rua, tá na rua, meu problema é aqui dentro, agora o que eu não posso ter é um problema de dentro pra fora, que aí eu vou te cobrar... Agora pô, se você é dono de sua comunidade, problema é teu, quem administra é você não é o estado, isso é um problema teu, não me diz respeito, eu não vou trazer guerra de fora pra dentro, não vou”, argumenta Raphael com FB.
Na conversa, o secretário frisa que o que importa a ele é que os criminosos não trouxessem conflitos para dentro do sistema penitenciário, caso fossem transferidos ao Rio: “Então qual minha preocupação... Eu levar o FABIANO de volta pro Rio e o FABIANO quebrasse essa, essa disciplina, quebrar essa forma de trabalhar”. Mais adiante, Sandro Faria Gimenes ou Wellington Nunes da Silva intervêm, segundo o documento do desembargador. Porém, não há certeza sobre qual dos dois pronunciou as frases.
“SANDRO FARIA ou WELLINGTON - ‘Lembrando sempre que o que sai da nossa boca não volta mais correto?’
SANDRO FARIA ou WELLINGTON - ‘Por isso que nós estamos aqui, porque os três aqui tem palavra.’”.
“Nota-se que a grande preocupação de Raphael, Sandro e Wellington é com a repercussão que o retorno do preso irá causar. A apreensão, não se sabe exatamente por qual motivo, é que não haja incremento da atividade criminosa nas áreas em que os detentos sempre atuaram, para que não chame a atenção das autoridades de segurança pública”, destaca o desembargador no documento. O diálogo com “Tineném” não está transcrito na decisão do TRF-2.
“Ademais, não soa minimamente crível que SANDRO e WELLINGTON, pessoas de confiança de RAPHAEL, tenham ido pessoalmente à Penitenciária Federal de Catanduvas sem que não tivessem conhecimento do que seria abordado pelo Secretário e quais eram as intenções deste ao entrevistar os presos de altíssima periculosidade”, argumenta ainda.
No Rio, cúpula liberou entrada de bolo, refrigerante e salgados no aniversário de 'Abelha'
Outros indícios apontam que o subsecretário e o superintendente tinham participação nas irregularidades. Em sua decisão, o desembargador federal Paulo Cesar Morais Espírito Santo frisa que, em julho deste ano, o então secretário Raphael Montenegro e seus subordinados, Sandro Faria e Wellington Nunes, realizaram visitas de cortesia ao preso Wilton Carlos Rabello Quintanilha, conhecido como “Abelha”. E “autorizaram a entrada de itens proibidos (bolo, refrigerante, salgados) no dia 24/07 para a comemoração do aniversário do detento”. Abelha foi o bandido que saiu pela porta da frente do Complexo de Gericinó, em Bangu, no dia 27 de julho, mesmo com mandado de prisão ativo, conforme O DIA noticiou com exclusividade antes da exoneração e prisão do secretário.
Outros indícios apontam que o subsecretário e o superintendente tinham participação nas irregularidades. Em sua decisão, o desembargador federal Paulo Cesar Morais Espírito Santo frisa que, em julho deste ano, o então secretário Raphael Montenegro e seus subordinados, Sandro Faria e Wellington Nunes, realizaram visitas de cortesia ao preso Wilton Carlos Rabello Quintanilha, conhecido como “Abelha”. E “autorizaram a entrada de itens proibidos (bolo, refrigerante, salgados) no dia 24/07 para a comemoração do aniversário do detento”. Abelha foi o bandido que saiu pela porta da frente do Complexo de Gericinó, em Bangu, no dia 27 de julho, mesmo com mandado de prisão ativo, conforme O DIA noticiou com exclusividade antes da exoneração e prisão do secretário.
"Consta, ainda, na representação que RAPHAEL MONTENEGRO HIRSCHIFIELD, SANDRO FARIA GIMENES e WELLINGTON NUNES DA SILVA estiveram pessoalmente no complexo penitenciário Vicente Piragibe, em Gericinó, Rio de Janeiro, RJ, para cumprirem a ordem de liberdade de 'Abelha', menciona o desembargador.
O desembargador afirma ainda que, além de Raphael, Sandro e Wellington também teriam cometido supostamente o crime de associação ao tráfico internacional de drogas, “uma vez que há nítido ajuste entre o secretário de Estado, seus assessores e os presos, com o objetivo de que a traficância, há muito perpetrada pelos detentos, continue a todo vapor, inclusive com criação por parte dos agentes públicos de mecanismos facilitadores para o fomento das atividades ilícitas, como a permissão para a entrada de celulares nas penitenciárias”.
O desembargador afirma ainda que, além de Raphael, Sandro e Wellington também teriam cometido supostamente o crime de associação ao tráfico internacional de drogas, “uma vez que há nítido ajuste entre o secretário de Estado, seus assessores e os presos, com o objetivo de que a traficância, há muito perpetrada pelos detentos, continue a todo vapor, inclusive com criação por parte dos agentes públicos de mecanismos facilitadores para o fomento das atividades ilícitas, como a permissão para a entrada de celulares nas penitenciárias”.
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