Pacientes recorrem a doações para dar continuidade a tratamentosDivulgação
Publicado 18/08/2021 15:14
Rio - Pacientes com doenças crônicas denunciaram ao DIA a falta de remédios de alto custo para tratar infecções intestinais nos estoques da RioFarmes. Alguns deles afirmam que conduzem seus tratamentos à base de doações. Temendo a interrupção e comprometimento dos tratamentos, a Associação de Pessoas com Doenças Inflamatórias Intestinais do Estado do Rio de Janeiro (AdiiRio) informou que já ingressou com uma reclamação no Ministério Público do Rio (MPRJ)
Segundo a associação, remédios como o imunossupressor Azatioprina e a Mesalazina de 500 mg, por exemplo, fazem falta a inúmeros pacientes. A vice-presidente da AdiiRio, Hanna Araujo, afirma que a procura por doações é constante.
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"Temos recebido muitos pacientes aflitos porque estão sem remédios. Eles recorrem à nossa associação em busca das doações que intermediamos. Infelizmente, a demanda tem sido muito alta. Somente a Adiirio conta com 300 associados e sabemos que em outra associações a situação é a mesma", pontuou. Hanna informou ainda que a associação elaborou um formulário para levantamento de dados junto aos pacientes. Segundo ela, a intenção é reunir informações que possam ser utilizadas junto às autoridades.
A pesquisadora Raquel Sousa, uma das pacientes ajudadas pela associação, contou ao DIA sobre as dificuldades que enfrenta com a doença inflamatória intestinal e revelou que está há pelo menos um mês sem sua medicação, que deveria usar diariamente. "Precisamos do uso contínuo de medicamentos. Quando ficamos sem, o nosso quadro se agrava, para além dos sintomas de diarreia, gases e distensão abdominal. Essas doenças também são silenciosas, existem pacientes, como eu, que possuem estenose (o estreitamento do calibre do intestino, que no início é assintomático). Ficar sem o medicamento piora toda essa questão dos sintomas mais claros e as consequências dos problemas que não sentimos", explicou.
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"Compreendo que pagamos os nossos impostos e temos um sistema único de saúde com uma proposta muito boa, no entanto, precisa ter mais investimentos e atenção do Estado", ressaltou a pesquisadora.
De acordo com outra paciente ajudada pela associação, essa não é a primeira vez que faltam remédios na RioFarmes. Em abril deste ano, um tipo específico de remédio que custavam em média R$ 10 mil também ficou fora das prateleiras durante um mês. "Precisei procurar doações para não ficar sem a medicação e interromper o tratamento. Vou todo mês na RioFarmes pegar TRÊS medicamentos. Em maio, quando retornei, esse remédio havia chegado, porém outro medicamento estava em falta", explicou a empreendedora Yohana Rigueto.
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"É inviável comprar esses remédios, sai muito caro. Não posso parar o meu tratamento pois tenho uma doença crônica. Nesses meses todos tenho ido atrás de doação de medicamentos para não ficar sem. A cada ida na RioFarmes é uma surpresa, nunca sei se terá ou não o medicamento", desabafou.
O que diz a SES
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A Secretaria de Estado de Saúde (SES), por meio da Superintendência de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (SAFIE), informou que o processo de aquisição do medicamento Azatioprina está com empenho emitido, aguardando prazo para entrega. Quanto ao medicamento Mesalazina, o processo ainda está em análise pelo setor jurídico.

A SES ressaltou que está "empenhando todos os esforços para regularizar o fornecimento dos medicamentos o mais breve possível para os pacientes cadastrados".
*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes
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