Publicado 14/10/2021 11:16 | Atualizado 14/10/2021 13:35
Rio - Vereadores de Duque de Caxias, o presidente da Câmara Municipal, Celso do Alba (MDB), e o prefeito Washington Reis (MDB) se reunirão na tarde desta quinta-feira (14) com o governador do estado, Cláudio Castro (PL), para cobrar celeridade nas investigações das mortes de parlamentares no município, além de soluções para dar fim aos crimes contra políticos na região. O secretário de Polícia Civil, Allan Turnowski, também estará no encontro. Em sete meses, três vereadores locais foram assassinados. Sandro do Sindicato, morto a tiros na quarta-feira (14), foi enterrado nesta quinta, no cemitério Nossa Senhora do Pilar. O prefeito Washington Reis esteve no sepultamento.
Celso do Alba afirmou ter solicitado ao Ministério Público do Rio (MPRJ) que acompanhe de perto as investigações dos três assassinatos em 2021: o de Danilo do Mercado, em março; o de Quinzé, em setembro; e o de Sandro do Sindicato, na última quarta. O presidente da Câmara de Vereadores de Duque de Caxias também cobrou da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) as soluções dos casos. A reportagem apurou que a polícia já tem uma linha de apuração, e a investigação está em estágio adiantado.
"É preocupante. Nós oficiamos o governador, o Ministério Público, para que acompanhem todas as investigações. Estamos cobranddo a DHBF também. Os vereadores estão muito preocupados com esses incidentes, esses asassinatos", disse Celso do Alba.
"Pedimos ao governador que ele pela ao secretario de Segurança da Polícia Civil, da Polícia Militar, uma resposta. Somos parlamentares, mas somos pais de família. Sabemos do aumento da mancha criminal, não só em Caxias mas na Baixada Fluminense".
O presidente da Câmara Municipal confirmou que parte dos vereadores de Caxias recebe ameaças anônimas por ligação, e afirmou que isso também será repasso à polícia. "Não queremos criar pânico, mas não vamos nos acovardar", afirmou.
Com cortejo de pés descalços e cânticos de louvor, Sandro é enterrado em Caxias
Familiares, amigos e eleitores deram o último adeus a Sandro do Sindicato na manhã desta quinta-feira (14). O corpo do vereador de 42 anos, morto a tiros na quarta-feira, foi enterrado no cemitério Nossa Senhora do Pilar, sob forte comoção.
De pés descalços, amigos e parentes de Sandros caminharam em cortejo da igreja Adonai, onde o corpo foi velado, até o cemitério Nossa Senhora do Pilar, onde foi enterrado.
"O Sandro deixou um legado. A lembrança que vai ficar para a gente é a lembrança boa, de ser um bom pai, bom filho, bom irmão, bom líder sindical. Em dez meses, também se tornou um bom vereador. Fazia um bom trabalho. É triste a covardia, mas a gente acredita na justiça de Deus. A do homem é falha, mas Deus não falha, não", discursou Marco Silva Farias, irmão de Sandro.
Vereador pelo Solidariedade em primeiro mandato e eleito com mais de 3 mil votos, Sandro estava em uma van quando foi baleado por tiros de fuzil. O veículo estava na Estrada do Pilar, no bairro Pilar, em Duque de Caxias. Ele morreu na hora.
Caxias tem três assassinatos de vereador em sete meses
Sandro é o terceiro vereador morto no município em um intervalo de sete meses. Em março, o vereador Danilo Francisco da Silva (MDB), conhecido como Danilo do Mercado, e o filho dele, Gabriel da Silva, de 25 anos, foram executados em plena luz do dia na Praça Jardim Primavera. Quem assumiu a cadeira do político foi a filha do traficante Fernandinho Beira-Mar, Fernanda Costa.
Em setembro, o ex-policial Joaquim José Quinze Santos Alexandre, o Quinzé, de 66 anos, foi morto a tiros na estrada São João-Caxias, no limite entre Caxias e São João de Meriti. No lugar dele, assumiu Elson da Batata (PL), que já foi preso por suposta agressão contra sua ex-esposa.
Com a morte de Sandro, já são 26 os políticos assassinados no estado do Rio desde 2018. Só na Baixada Fluminense, desde 2016, foram contabilizadas 29 mortes de pessoas ligadas à política na região. De acordo com a polícia, boa parte dos crimes tem relação com disputas que envolvem milícias. Em 2020 a Polícia Civil criou uma força-tarefa para investigar a suspeita de exclusividade de curral eleitoral em área de atuação de grupos paramilitares. A força-tarefa foi criada após o assassinato dos candidatos a vereador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Mauro Miranda da Rocha, em setembro, e de Domingos Barbosa Cabral, 20 dias depois.
Colaborou Reginaldo Pimenta
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