Publicado 22/10/2021 13:54
Rio - Investigado por suspeitas de comandar um grupo de agiotagem com policiais militares, o vereador de Duque de Caxias, Carlinhos da Barreira (MDB), defendeu-se das acusações de extorsão e lavagem de dinheiro. Na sede da Cidade da Polícia, no Jacaré, o parlamentar insinuou ter sido alvo de um complô após denunciar irregularidades no município, sem dar detalhes do motivo.
"Nem sei porque estou aqui. E é muito estranho. Depois que eu comecei a denunciar alguns fatos na cidade de Duque de Caxias, aparece mandado de prisão, esse monte de crime que a gente não viu. Estamos para esclarecer, minha vida é um livro aberto, não tenho o que esconder", afirmou o vereador, cercado de policiais civis.
A investigação da 105ª DP (Petrópolis), em parceria com o GAECO, do Ministério Público, começou após a denúncia de um empresário que diz ter sido alvo de extorsão, após pedir emprestado R$ 1 milhão. Segundo ele, Carlinhos pediu mais R$ 1 milhão a título de juros, sob ameaças de morte feitas pelos policiais militares Ricardo Silva dos Santos e Carlos Alexandre da Silva Alves, considerados o 'braço armado' do esquema. Eles também foram presos.
"Isso é uma denúncia anônima. Queria que a pessoa que assina por esse fato estivesse aqui. Quem me acusou de extorsão deveria estar aqui no momento. São só denúncias infundadas e vazias", completou o vereador.
Empresas firmavam contratos com a prefeitura e repassavam valores à Carlinhos, diz denúncia
Carlinhos da Barreira também é acusado de fraude à licitação através da empresa na qual é sócio, a Sodré Serviços de Transportes Locação de Máquinas e Equipamentos. Segundo as investigações, uma outra empresa de maquinário, a Madasa Comércio e Locações, manteve vínculo de contrato com a Prefeitura de Duque de Caxias entre 2013 e 2016, e repassou R$ 8,5 milhões à empresa de Carlinhos. O valor foi dividido em 109 operações bancárias.
A prática aconteceu outras vezes. A TGM Locação de Máquinas, a V.F. da Rosa Refeições e a Hashimoto Manutenção firmaram contratos com a Prefeitura de Caxias, entre 2017 e 2018, e todas repassaram, juntas, um total de R$ 4.193.624 milhões às contas da Sodré Serviços.
"Carlinhos era o real beneficiário do contrato. Só uma empresa repassou R$ 8,5 milhões, ou seja, todo o contrato. É um indício fortíssimo de que na verdade o real beneficiário dos acordos com a Prefeitura de Caxias era a empresa do vereador. Ele é impossibilitado de firmar contratos por ser vereador do município", explicou o promotor do GAECO na Baixada Fluminense, Promotor Rogério Sá Ferreira.
A estimativa é de que Carlinhos da Barreira tenha dissimulado, entre 2015 e 2020, um valor de R$ 62.360.738,52, fruto das negociações criminosas. A Justiça determinou o sequestro de bens imóveis e de recursos financeiros do parlamentar.
* Colaborou Reginaldo Pimenta
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