Operação Barreira Petrópolis prendeu vereador Carlinhos da Barreira e dois PMs. Agentes também realizaram busca e apreensão em quatro endereçosREGINALDO PIMENTA/AGÊNCIA O DIA

Rio - Há um ano, um empresário do ramo de automóveis foi até a 105ª DP (Petrópolis) denunciar uma ameaça de morte que havia recebido, inclusive com uso de arma de fogo. Meses antes, o comerciante fizera um empréstimo de R$ 1 milhão com agiotas, e agora era extorquido por mais R$ 1 milhão a título de juros. As ameaças, segundo o Ministério Público e a Polícia Civil, eram a mando do vereador Carlinhos da Barreira (MDB), e cumpridas por dois policiais militares que faziam o braço armado da agiotagem. O trio foi preso preventivamente nesta sexta-feira.
"A vítima tinha que pagar R$ 35 mil por mês (até chegar a R$ 1 mi), mas devido a pandemia, ela não pôde honrar o valor acordado. Então, procurou a delegacia. A investigação constatou que a movimentação bancária do vereador era incompatível com os rendimentos", explicou o promotor do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO/RJ) na Baixada Fluminense, Rogério Sá Ferreira.
As investigações da Polícia Civil e do GAECO duraram um ano e concluíram que o trio trabalhava com agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro. Ao empresário que pegou o empréstimo, Carlinhos exigiu o pagamento de juros de 3,5% mensais, ou R$ 35 mil por mês, até chegar a R$ 1 milhão, totalizando R$ 2 milhões - o valor do empréstimo e os juros.
Os policiais militares Ricardo Silva dos Santos e Carlos Alexandre da Silva Alves cobravam as vítimas. "Esses policiais eram o braço armado da associação e serviam como operadores financeiros do vereador", afirmou o titular da 105ª DP (Petrópolis), João Valentim. Ricardo Santos responde também por usura pecuniária: ele recebia as transferências de juros em sua conta bancária. Os acusados utilizavam uma empresa para lavar os capitais e movimentaram R$ 70 milhões em cinco anos.
"É uma movimentação astronômica, não condizentes com a vereança e a atividade empresarial. Estamos coletando mais informações que certamente vão corroborar. Sabemos que ele movimentou mais de R$ 62 milhões em cinco anos", afirmou o promotor do Gaeco.