Publicado 25/11/2021 14:59 | Atualizado 25/11/2021 15:00
Rio - A Defensoria Pública da União (DPU) enviou um ofício, nesta quarta-feira, para o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) pedindo a reaplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para os estudantes que foram prejudicados com operação policial no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio. No dia das provas, a PM realizou uma ação na comunidade que deixou nove mortos e uma idosa baleada. Oito dos mortos foram encontrados em um mangue.
Segundo o documento, o qual O DIA teve acesso, cerca de 501 candidatos inscritos e direcionados para os seis locais mais próximos da região não compareceram ao exame em decorrência da operação.
"Solicitamos que as provas sejam reaplicadas para todos os candidatos moradores do Complexo do Salgueiro e, também, para aquelas que fariam as provas nos locais determinados, assim como em demais locais de prova em um raio de cinco quilômetros a partir do local da operação".
A DPU ainda pede que seja informado o percentual de candidatos que faltaram às provas no prazo de até três dias.
A DPU ainda pede que seja informado o percentual de candidatos que faltaram às provas no prazo de até três dias.
João Pires, de 23 anos, aluno de economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), abriu um abaixo-assinado para conseguir a reaplicação do Enem para os moradores da região. O documento já tem quase cinco mil assinaturas.
Dados da plataforma Fogo Cruzado apontam que a região de São Gonçalo, só em 2021, registrou 42 tiroteios, ou um confronto armado por semana. Quando o foco é a comunidade do Salgueiro, os dados mostram que o local foi o que mais registrou mortes violentas na Região Metropolitana este ano. São 39 óbitos e 24 feridos. Apesar da dura realidade, o Inep não avalia questões de segurança pública como objeto comprometedor para a realização das provas.
De acordo com o edital do Exame, a reaplicação será avaliada em casos de desastres naturais (que prejudiquem a aplicação da prova devido ao comprometimento da infraestrutura do local), falta de energia elétrica (que comprometa a visibilidade da prova pela ausência de luz natural), falha no dispositivo eletrônico fornecido ao participante que solicitou uso de leitor de tela ou erro de execução de procedimento de aplicação que incorra em comprovado prejuízo ao participante.
Até a publicação desta reportagem o Inep e o Ministério da Educação (MEC) não haviam respondido sobre a possibilidade de reaplicação da prova.
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