Publicado 10/12/2021 12:47
Rio - Um supermercado com estacionamento subterrâneo, dois andares e vista panorâmica para a Lagoa da Tijuca, em Jacarepaguá. O empreendimento da milícia demolido nesta sexta-feira (10) em operação conjunta do Ministério Público do Rio (MPRJ) com a Secretaria Municipal de Ordem Pública, na Muzema, já estava, segundo as investigações, com 70% de conclusão. A construção era irregular e foi levantada em uma área de proteção ambiental.
A força-tarefa do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MP) descobriu que a milícia já teria investido R$ 5 milhões na construção do supermercado, que teria espaços a serem alugados para comerciantes locais. A construção fica na Estrada do Itanhangá, na comunidade da Muzema, mas era comandada pela milícia que domina Rio das Pedras.
"Fizemos essa troca de informação com o Gaeco e as forças policiais. A Muzema é uma área de forte influência do crime organizado, a investigação têm dados consolidados de que construções do tipo são tentáculos de sustentação financeira da milícia. Não era uma obra trivial, ela começou há pouco tempo", explicou o secretário municipal de Ordem Pública, Brenno Carnevale..
"A obra já estava 60% ou 70% pronta. Esse tipo de edificação fruto de lavagem de dinheiro costuma ter um aporte financeiro robusto. A estimativa dos técnicos é que R$ 5 milhões já haviam sido gastos ali", ressaltou o secretário.
A ação desta sexta-feira também é apoiada pelo o Comando de Policiamento Ambiental da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (CPAm), a Secretaria Municipal de Conservação (Seconserva) e a Guarda Municipal.
Em novembro, a força-tarefa do Gaeco também demoliu um prédio da milícia de Rio das Pedras, na mesma região. Também no mês passado, em Santa Cruz, houve a apreensão de quatro retroescavadeiras hidráulicas usadas por milicianos para construir um imóvel irregular em Santa Cruz.
MPRJ obtém condenação de todos os milicianos ligados a Adriano da Nóbrega
O Tribunal de Justiça do Rio condenou, na madrugada desta sexta-feira, os últimos dois denunciados na 'Operação Intocáveis', ocorrida em 2019, contra a principal milícia que controlava Rio das Pedras, Muzema e outras áreas da Zona Oeste do Rio. O júri sentenciou os milicianos Marcus Vinicius Reis dos Santos e Júlio Cesar Veloso Serra a nove anos e sete anos e meio de prisão, respectivamente. A condenação aconteceu após um pedido do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ).
Com o resultado das sentenças, todos os 12 réus da operação foram condenados pelo 4º Tribunal do Júri. O 13º denunciado era um dos líderes da organização, Adriano da Nóbrega, conhecido como Capitão Adriano, morto em fevereiro de 2020. De acordo com o Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a condenação de todos os réus "mostrou o empenho das investigadores e do sistema de Justiça para combater o crime organizado no Estado do Rio".
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