Secretaria Municipal de Ordem Pública e Ministério Público participaram da demolição de uma construção levantada pela milícia. Local abrigaria um supermercadoPaulo Mac Culloch/Divulgação Seop

Rio - O Ministério Público do Rio (MPRJ) e a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) fazem nesta sexta-feira (10) a demolição de um prédio na Estrada do Itanhangá que foi construído pela milícia de Rio das Pedras. A força-tarefa do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MP) descobriu que, quando estivesse pronto, o imóvel funcionaria como um supermercado, com garagem subterrânea e espaços alugados pela milícia para os lojistas locais.
Apesar de controlado pela milícia de Rio das Pedras, o prédio era construído na Estrada do Itanhangá, 625, na comunidade da Muzema, também controlada por milicianos. Uma estimativa técnica feita pelo Ministério Público estimou que o grupo criminoso pode ter desembolsado até R$ 5 milhões para construir o supermercado. O segundo pavimento do prédio já estava em construção. Uma mulher que se apresentou como responsável pelo empreendimento chegou a ir ao local com documentos, mas não evitou a demolição.
"Encontramos um espaço subterrâneo, que provavelmente seria a garagem, e já a construção consolidada de um segundo pavimento, onde seria o mercado. Não seria uma construção muito vertical por ser justamente um comércio. A obra já estava 60% ou 70% pronta. Esse tipo de edificação fruto de lavagem de dinheiro costuma ter um aporte financeiro robusto. A estimativa dos técnicos é que R$ 5 milhões já haviam sido gastos ali", explica o secretário municipal de Ordem Pública, Brenno Carnevale.
"Fizemos essa troca de informação com o Gaeco e as forças policiais. A Muzema é uma área de forte influência do crime organizado, a investigação têm dados consolidados de que construções do tipo são tentáculos de sustentação financeira da milícia. Não era uma obra trivial, ela começou há pouco tempo", ressaltou o secretário.
A subprefeitura de Jacarepaguá, Talita Galhardo, esteve na demolição e fez um alerta para os moradores. "Gente, não comprem, não construam sem documentação. Não invistam sem ter comprovação de que a área tem RGI e que é permitida construção, para não acontecer mais uma ação de demolição como a de hoje. Uma construção em área pública, sem licença de obra, investigada pela justiça em que foram investidos milhões. Muito complicado isso", comentou a subprefeita.
A ação desta sexta-feira também é apoiada pelo o Comando de Policiamento Ambiental da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (CPAm), a Secretaria Municipal de Conservação (Seconserva) e a Guarda Municipal.
Em novembro, a força-tarefa do Gaeco também demoliu um prédio da milícia de Rio das Pedras, na mesma região. Também no mês passado, em Santa Cruz, houve a apreensão de quatro retroescavadeiras hidráulicas usadas por milicianos para construir um imóvel irregular em Santa Cruz.