Familiares estiveram no IML para liberar o corpo de MariaMarcos Porto
Publicado 18/12/2021 16:11 | Atualizado 19/12/2021 08:03
Rio - O médico responsável pelo procedimento estético que resultou na morte da autônoma Maria Jandimar Rodrigues, de 39 anos, nesta sexta-feira (17), disse à filha da vítima, Brenda Rodrigues, de 21 anos, que era um funcionário do Carioca Offices, prédio anexo ao Carioca Shopping, na Vila da Penha, na Zona Norte do Rio, onde fica a clínica em que a mulher se sentiu mal durante a realização de uma hidrolipo na barriga e morreu pouco depois, no estacionamento.


De acordo com o marido de Maria, Wagner Vinícius, com quem era casada há quase seis anos, Brenda estava na recepção do estabelecimento aguardando a mãe, quando funcionários da clínica passaram pela porta de trás com a mulher e a deixaram no chão do estacionamento. No primeiro momento, a filha não reconheceu que se tratava de Maria, nem uma conhecida dela, que também estava no local e filmou o ocorrido.

Ainda segundo Wagner, quando o médico Brad Alberto Castrillón Sanmiguel e o instrumentista passaram pela recepção, Brenda perguntou se ele seria o responsável pelo procedimento, ainda sem saber que era sua mãe que passava mal, ao que o profissional negou, dizendo ser funcionário do prédio.

"Uma conhecida da minha esposa filmou e minha enteada olhou, mas não imaginava que seria a mãe dela, porque eles passaram pela porta de trás com ela e 'deixou' ela no chão do estacionamento. Ela estava na recepção e 'passou' o médico e o instrumentista, e ela falou: "é ele que é o médico?" e ele falou "eu não, eu sou funcionário do prédio", contou o marido, que afirmou ainda que a mulher foi liberada da clínica quando começou a se sentir mal, mesmo com o procedimento já em andamento,

"Ela estava fazendo o procedimento ainda e ela passou mal. O médico simplesmente falou que ela estava liberada e ela passando mal. Por quê? Eles queriam que ela fosse embora, se ela conseguisse ir embora sozinha, se ela descesse o elevador, eles iam querer botar ela no elevador, para ela poder sair e eles passarem por trás, 'meter o pé' sem ninguém ver. (...) Eles abandonaram ela lá em cima, porque já estava dando a 'merda', e botaram ela pra ir embora" declarou ele.

Ele conta que o cirurgião chamou um táxi para deixar o local e o acusa de ter tentado fugir sem prestar socorro à sua esposa, mas foi impedido de ir embora. Os demais funcionários da clínica conseguiram deixar o local. Maria recebeu os primeiros socorros de bombeiros civis do shopping e até uma médica que passava no momento ajudou, mas ela acabou não resistindo.

Maria já havia passado por uma hidrolipo, dessa vez nas costas, no último dia 10, no mesmo estabelecimento e realizada pelo mesmo médico. Em um vídeo gravado na ocasião, ela aparece em uma maca, gritando, enquanto pessoas que estão no local pedem para que ela se acalme e perguntam o que aconteceu. O marido afirma que após o procedimento, ela sentiu muitas dores e não conseguia dormir. A mulher precisou desembolsar cerca de R$6 mil por todo o processo e para as intervenções.

Ainda segundo Wagner, ele chegou a alertar a esposa e dizer que ela não tinha condições para fazer outra hidrolipo, mas a mulher procurou o local outra vez, e de acordo com ele, comunicou sobre as reações que teve antes de começar o procedimento na barriga. Familiares de Maria estiveram no Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio, neste sábado (18), para a liberação do corpo. O caso é investigado pela 27ª DP (Vicente de Carvalho).
A reportagem do DIA tenta contato com o médico Brad Alberto Castrillón Sanmiguel. O sepultamento acontece às 11h45 deste domingo (19), no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio. "Estamos muito mal. Eu ando para a sala na esperança de encontrar ela. A filha dela, a Brenda, nem em casa quer entrar, está na casa da avó dela", lamentou Wagner.
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