Marido diz que cirurgião só prestou socorro após se impedido de deixar o localMarcos Porto/Agência O DIA

Rio - O marido da autônoma Maria Jandimar Rodrigues, de 39 anos, acusa o médico Brad Alberto Castrillón Sanmiguel de ter tentado fugir sem prestar socorro à sua esposa. A mulher morreu na tarde desta sexta-feira (17) após se sentir mal durante a realização de uma hidrolipo na barriga, em uma clínica estética que fica no Carioca Offices, prédio anexo ao Carioca Shopping, na Vila da Penha, na Zona Norte do Rio. Segundo Wagner Vinícius, Brad fingiu prestar socorro ao ser impedido de deixar o local.


"Ele tentou fugir sim, chamou um táxi para ir embora. Quando um policial que estava no estacionamento não deixou ele ir embora, ele falou que chamou (o táxi) para socorrer ela. Mas não foi isso, ele tentou fugir para sair do flagrante", contou o marido, que afirmou ainda que o médico se recusou a dizer o que havia acontecido.

"Ele falou para o 'polícia' que segurou ele que estava pedindo um táxi para poder salvar ela. Eu falei: "mas como você vai pedir táxi, se você tem uma clínica aqui, você tem que ter uma emergência na tua clínica, para esses ocorridos". E ele não me respondia nada, eu perguntava a ele o que ele fez e ele não respondia nada, só ficava quieto. Acabou que quando ele foi tentar prestar o socorro, já foi tarde demais. Ele deixou minha esposa caída tendo convulsão lá no estacionamento do shopping."

Wagner relata que Maria já havia passado por uma hidrolipo, dessa vez nas costas, no último dia 10, no mesmo estabelecimento e realizada pelo mesmo médico. Em um vídeo gravado na ocasião, ela aparece em uma maca, gritando, enquanto pessoas que estão no local pedem para que ela se acalme e perguntam o que aconteceu. O marido afirma que após o procedimento, ela sentiu muitas dores e não conseguia dormir.

Ainda segundo Wagner, ele chegou a alertar a esposa e dizer que ela não tinha condições para fazer outra hidrolipo, mas a mulher procurou o local outra vez, e de acordo com ele, comunicou sobre as reações que teve antes de começar o procedimento na barriga. "Não tinha necessidade dela estar fazendo esse procedimento, mas por vaidade, ela foi lá para fazer esse procedimento e acabou morrendo", lamentou o marido.

De acordo com a Polícia Militar, uma equipe do 41º BPM (Irajá) foi acionada para verificar a ocorrência e, no local, encontrou a mulher já sem vida, próxima ao estacionamento. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionada e constatou o óbito. A Polícia Civil informou que o caso foi registrado na 27ª DP (Vicente Carvalho), que instaurou inquérito para apurar a causa da morte. "Os agentes realizam diligências, coletam depoimentos e outras informações para esclarecer todos os fatos", concluiu a nota.
Ontem, o Carioca Shopping disse ao DIA que se solidariza com a família da vítima e que está colaborando com as autoridades. Além disso, esclareceu que não tem qualquer relação com o prédio comercial e as empresas ali instaladas. A reportagem do DIA tenta contato com o médico. Familiares da Maria estiveram no Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio, na manhã deste sábado (18) para a liberação do corpo. O sepultamento acontece às 11h45 deste domingo (19), no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio.