Publicado 04/02/2022 13:26
Rio - Duas testemunhas revelaram, em depoimento à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), na última terça-feira, que presenciaram o espancamento que terminou com a morte do congolês Moïse Kabagambe, na orla da Praia da Barra, Zona Oeste do Rio. Segundo o relato divulgado pelo UOL, o casal disse que ao tentar intervir, ouviu de um dos agressores para "não olhar".
A mulher, que não teve sua identidade revelada, contou que foi comprar um refrigerante no quiosque Tropicália e que a funcionária estava muito nervosa, pois já teria pedido para que os três homens parassem de agredir Moïse. O jovem, que entrou no Brasil como refugiado, em 2011, teve as mãos e os pés amarrados e foi espancado com um porrete de madeira até a morte.
De acordo com as testemunhas, os agressores estariam praticando o ato porque Moïse estava assaltando as pessoas. Não há qualquer registro de que o congolês estivesse praticando roubos na região. A família da vítima afirma que a briga teria começado após ele cobrar diárias atrasadas.
Uma das testemunhas disse ainda que ao retornar para areia, tentou pedir ajuda a dois guardas municipais, que ignoraram o apelo. Quando subiu novamente, o casal encontrou Moïse amarrado.
A Guarda Municipal do Rio informou que "não recebeu notificação em relação ao testemunho relatado". No entanto, a instituição disse que vai enviar um ofício à Polícia Civil solicitando mais detalhes sobre a possível citação e se colocou à disposição para cooperar com as investigações.
A mulher reconheceu o homem que pediu para ela "não olhar" como sendo Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o "Dezenove", que estava com a camisa do Flamengo.
Agressores presos
O Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) manteve as prisões temporárias dos três homens apontados pela Polícia Civil como agressores de Moïse. Fábio Pirineus da Silva, o Belo, Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove, e Brendon Alexander Luz da Silva, o Tota, tiveram as audiências de custódias realizadas na tarde desta quinta-feira e vão permanecer no presídio José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio.
O Plantão Judiciário da Capital havia determinado, na madrugada desta quarta-feira (2), a prisão temporária do trio, indiciados pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) pelo assassinato, duplamente qualificado, de Moïse. As qualificações foram por conta do meio cruel e por não ser possível a defesa da vítima.
Conforme O DIA divulgou, os agressores foram identificados pelo proprietário do quiosque Tropicália, onde ocorreu o crime, através de apelidos. O proprietário, que não estava no local no momento das agressões, cedeu as imagens do circuito de câmeras para a polícia e não teve participação no crime, de acordo com a polícia.
Belo e Tota trabalhavam em barracas na areia da praia; Dezenove era funcionário do quiosque vizinho. Os três teriam agredido Moïse, que já estaria embriagado, após o congolês tentar pegar mais cerveja da geladeira do Tropicália. Ele havia sido dispensado do trabalho no mesmo quiosque cinco dias antes, após ficar embriagado no turno do serviço, segundo o proprietário. Desde o dia 20, no entanto, ele trabalharia no quiosque vizinho.
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