Publicado 07/02/2022 20:11
Rio - Familiares do repositor de supermercado Durval Teófilo Filho, 38, morto por militar da Marinha, estiveram, nesta segunda-feira, em reunião com deputados integrantes das comissões de Direitos Humanos e Cidadania e de Combate às Discriminações e Preconceitos da Alerj. Luziane Teófilo, mulher da vítima, Fabiana, a irmã, e Priscila, a prima, estiveram no encontro, que acontece dois dia após fim de inquérito alterar tipificação do crime homicídio culposo para doloso (quando há intenção de matar).
A viúva de Durval falou sobre a tentativa do sargento da Marinha Aurélio Alves Bezerra alegar legítima defesa no caso. "Não aceito dizer que foi legítima defesa. Meu marido leva dois tiros, tira a máscara, diz que é vizinho e recebe um terceiro tiro, na coxa. É revoltante. Ele nem prestou socorro, os vizinhos que pegaram o carro para levar ao hospital, ele foi só pra dizer que ajudou, e nem me pediu perdão", lembrou.
Luziane também falou sobre o drama que a família vem passando após a perda do esposo: "Minha filha perdeu o pai e todo dia pergunta por ele. Digo que a mãe dela vai sair de casa para fazer justiça; o racismo está virando rotina".
Para a irmã de Durval, Fabiana Teófilo, a motivação para os tiros que tiraram a vida do repositor foi o racismo. Durante a conversa com os deputados, ela comentou que espera que seu irmão não seja mais um número: "Espero que Durval não seja só mais um. Que legítima defesa é essa?", questionou.
A presidente da Comissão de Direitos Humanos na Alerj, a deputada Dani Monteiro (Psol), disse que as comissões irão iniciar o procedimento para audiência pública, onde serão convocados instituições do poder judiciário, estadual e federal.
"Será uma audiência que não pretende fazer trabalho investigativo, mas expor enfaticamente uma situação de violação aos direitos humanos, ao exercício da Cidadania, que não só perpassou a vida de Durval e sua família, mas que atravessa milhares de famílias cotidianamente", explicou a deputada.
Ainda segundo ela, o caso de Durval precisa de resposta urgente já que a arma usada pelo militar estava vinculada à Marinha: "As comissões irão pressionar a Marinha, tendo em vista que a arma utilizada nos disparos é de posse oficial da Marinha. Então, a instituição tem que se posicionar, tem que vir a público e as duas comissões vão oficiar a Marinha nesse sentido".
A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí encerrou o inquérito no último sábado (05) e indiciou o militar Aurélio por homicídio doloso, quando há intenção de matar. Luiz Carlos de Aguiar Medeiros, advogado da família de Durval e assistente de acusação do Ministério Público estadual (MPRJ), participou do atendimento e informou que irá pedir que seja acrescentado ao homicídio doloso a circunstância agravante de motivo torpe ou fútil e que irá solicitar novos depoimentos.
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