Publicado 11/02/2022 19:25
Rio - A Anistia Internacional Brasil cobrou esclarecimentos urgentes sobre a operação da Polícia Militar, realizada nesta sexta-feira, que deixou oito pessoas mortas na Vila Cruzeiro, Zona Norte do Rio. O movimento global solicitou ao gabinete do governador Cláudio Castro, ao MPRJ e à Secretária da PM, informações detalhadas da ação, circunstâncias das mortes e atendimento às famílias das vítimas.
"O Estado do RJ e suas instituições têm compromissos e protocolos nacionais e internacionais a seguirem com relação ao uso indevido da força letal por agentes de segurança pública. Essas ações precisam ser responsabilizadas! Reconhecemos os problemas de Segurança Pública do RJ, mas não podemos aceitar que os agentes do Estado continuem violando direitos humanos e gerando ainda mais violência. "Quantos mais precisarão morrer para essa guerra acabar?" Basta!", escreveu o movimento em suas redes sociais.
Um levantamento feito pela Anistia mostrou que pelo menos 16 pessoas foram mortas em operações policiais no Rio de Janeiro nos primeiros 11 dias de fevereiro. O movimento ressaltou que o número é bastante alto, se considerado a vigência da ADPF 635, que prevê a realização de operações policiais somente em casos urgentes.
De acordo com o MP, a operação foi regularmente comunicada e o órgão acompanha a ação policial desta quinta-feira (11) na Vila Cruzeiro por intermédio do Plantão Permanente ADPF 635. Disse ainda que "o Grupo Temático Temporário – Operações Policiais (GTT-ADPF 635-STF) vai enviar um relatório para o promotor responsável pela condução e acompanhamento da investigação."
Até às 18h40, a Polícia Civil ainda não havia identificado os mortos.
Operação não conseguiu cumprir mandados de prisão
Adriano de Souza Freitas, o Chico Bento, principal alvo da operação que matou oito pessoas na Vila Cruzeiro, não foi encontrado pelos policiais militares, assim como nenhum outro alvo de mandado de prisão na ação. Um homem foi preso em flagrante com posse de armas, mas ele não estava entre os procurados. Uma mulher, que seria responsável pela guarda de um carro com mais de 300 kg de maconha, foi conduzida para a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). Ela foi localizada nas imediações do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio.
Segundo o comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) Uirá Nascimento, Chico Bento, apontado como líder do tráfico no Jacarezinho, estava protegido por barricadas e conseguiu fugir.
PRF diz que operação foi um sucesso
Apesar de não ter cumprido o objetivo, o coordenador da comunicação da PRF considerou a ação exitosa e sem danos colaterais. Houve a apreensão de armas dos suspeitos mortos na ação. "Na ação de hoje, recuperamos veículos roubados, motocicletas, sete fuzis, quatro pistolas, catorze granadas, cargas roubadas, como cigarros contrabandeados, maconha e cocaína. As forças de segurança tiveram bastante resistência", afirmou o chefe da comunicação da PRF, Marcos Aguiar.
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