Polícia Federal: ação na Vila Cruzeiro ocorreu na manhã desta terça (15)Cleber Mendes / Agência O Dia
Publicado 15/02/2022 18:02
Rio - A Polícia Federal (PF) descobriu que a organização criminosa de tráfico internacional de drogas, que usava comunidades cariocas para armazenar cocaína que seria transportada para países da Europa, movimentava milhões de dólares mensalmente. O material entorpecente vinha da Colômbia e Bolívia e os narcotraficantes ainda contava com um forte esquema de lavagem de dinheiro, que era realizada também através de apostas em cavalos de corrida.
Na manhã desta terça-feira, os policiais realizaram as Operações Turfe e Brutium para cumprir 39 mandados de prisão e 47 de busca e apreensão no Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso, além de medidas cautelares cumpridas em Dubai, Espanha e Paraguai.
As investigações para desvendar a logística do transporte da cocaína, desde a saída dos países produtores até o seu destino final na Europa, começaram em setembro de 2020. Os agentes constataram que os narcotraficantes tem uma visão empresarial da exportação de drogas através de conteiners em navios de carga e praticam essa atividade há pelo menos 10 anos.
"É uma organização criminosa bastante intensa, que movimentava na ordem de milhões de dólares por mês. Tinham uma capacidade de exportação de cocaína, que é um produto bastante caro, tanto na origem, mas principalmente no destino com um valor muito relevante, a prova disso é que apreendemos mais de oito mil quilos de cocaína ao longo desses últimos 15 meses de investigação, e podemos dizer que é uma das maiores organizações atuantes no Brasil, até então, em termos de volume de exportação de droga e de movimentação financeira", explicou o delegado da PF Heliel Martins, coordenador da Operação Turfe.
Para fazer a movimentação da droga, os criminosos também precisavam fazer transferências de altos valores em dinheiro, segundo a PF. Nos últimos 15 meses, a Operação Turfe identificou uma movimentação de R$ 250 milhões.
"Todas as nossas investigações, de forma mais contemporânea, tem como propósito a descapitalização de organizações criminosas e essa descapitalização passa pela investigação de lavagem de capitais. A movimentação financeira da Turfe, o grupo era bastante ativo e intenso em suas atividades financeiras, através de expedientes conhecidos, se valiam da técnica do Dólar Cabo, a forma mais usual que essas grandes organizações movimentam recursos entre continentes e através de casas de câmbio e empresas de fachada para fazer pagamentos de interesse do grupo", esclareceu Martins.
Segundo a polícia, dólar cabo são operações de remessa ilegal de dinheiro para o exterior. Além disso, outra tática utilizada pela organização criminosa para lavar esse capital, era através da negociação e aquisição de cavalos de corridas de Turfe.
"Um dos principais alvos tinha como hobby atuar na prática de corridas de cavalos, ele criava cavalos de corrida e, além de hobby, esses animais também eram usados na lavagem de dinheiro. Ele tinha cavalos que eram avaliados em cerca de R$ 300 mil dólares. Não iremos divulgar nomes de investigados, mas esse alvo era um empresário envolvido com o tráfico internacional de drogas e foi preso na operação de hoje", finalizou.
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