Selma e a irmã, Amanda Souza, acusaram o homem de ser integrante da milíciaReginaldo Pimenta
Publicado 22/02/2022 12:54
Rio - "Esse desgraçado acabou com a vida da minha família. Minha única filha, esse desgraçado matou. Acabou com a vida dela". O desabafo emocionado de Selma Regina Souza Girão descreve o sentimento de uma família destruída pelo feminicídio. A mãe de Tamiris de Souza Girão, de 19 anos, esteve na manhã desta terça-feira (22) no Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio, para liberar o corpo da jovem, brutalmente assassinada pelo namorado, na madrugada desta segunda-feira (21), em Cosmos, na Zona Oeste do Rio.
De acordo com Selma, na ocasião, a vítima estava em um carro de aplicativo quando o namorado a agrediu com uma coronhada e a puxou para fora do veículo. Em seguida, ele atirou na cabeça de Tamiris e passou com seu automóvel em cima da jovem. O agressor teria ainda a intenção de fugir com o corpo do local, mas foi impedido. Ainda segundo a mãe da jovem, o namorado de Tamiris não aceitava o fim do relacionamento. O namoro de cerca de dois anos foi marcado por idas e vindas, mas Selma contou que o genro não se mostrava agressivo na frente da família e a jovem nunca havia relatado violência por parte dele.

"Na nossa frente, não (era agressivo). Eu nem sabia que a minha filha apanhava. Eu não sabia que ele batia na minha filha, não sabia. Minha filha nunca me falou nada, nunca relatou nada que ele fazia com ela, se batia. Nunca. Só que ela se separava dele e voltava para a minha casa. Ele ia atrás, acho que passava conversa, ameaçava, alguma coisa, e ela voltava. Infelizmente, às vezes você ama a pessoa errada", lamentou.

Selma e a irmã, Amanda Souza, que também esteve no IML, acusaram o homem de ser integrante da milícia que atua no município de Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio, e de já ter sido preso duas vezes. A informação ainda não foi confirmada pela Polícia Civil. Segundo a tia da jovem, o relacionamento não chegava ao fim por conta de ameaças que ele fazia à Tamiris.

"Todo mundo cansava de avisar, ela já não queria mais ele, porque ele batia nela, ficava ameaçando. Por ser miliciano, achava que tinha poder sobre ela. Já foi preso duas vezes e foi solto porque não tem justiça nesse país. Mas, a gente vai fazer justiça. Não vai ficar assim, ele vai pagar. Custe o que custar, mas ele vai pagar. A gente não vai descansar. A gente só quer justiça, que ele apodreça na cadeia", relatou Amanda.

A mãe e a tia da vítima contaram que ela tinha o sonho de ser veterinária e que começaria a faculdade no próximo mês. "Ela era estudante, ela ia começar agora, mês que vem, a faculdade de veterinária e esse desgraçado acabou com tudo", declarou Selma. Elas descreveram Tamiris como muito querida por todos que a conheciam e disseram também que a jovem não tinha desavenças com ninguém.
"Minha filha era maravilhosa, minha filha não tinha inimigo com ninguém, minha filha era amada por todos. Se vocês forem no enterro da minha filha, vocês vão ver a quantidade de amigos, parentes que 'vai' estar lá", afirmou a mãe. "Minha sobrinha era uma pessoa exemplar, todo mundo gostava da minha sobrinha, não tem um que não gostava. Ele destruiu o sonho da minha sobrinha de ser veterinária, ia começar mês que vem, estava toda feliz. Ele arrancou da minha irmã a única filha que ela tinha", completou a tia.

O corpo da jovem será enterrado nesta quarta-feira (23), no Cemitério Jardim da Saudade, bairro de Paciência, na Zona Oeste. O velório acontece a partir das 8h. "Acabou com a vida da família. Eu quero que ele apodreça na cadeia, nunca saia de lá”, pediu a mãe de Tamiris. Em nota, a Polícia Civil informou que o autor do crime foi preso em flagrante e autuado pelo crime de feminicídio. O caso foi enviado à Justiça.
*Colaborou Reginaldo Pimenta
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