Publicado 05/03/2022 14:17
Rio - O novo valor da tarifa dos trens, cujo reajuste foi anunciado nesta sexta-feira pela SuperVia, está sendo negociado entre a concessionária e o Governo do Estado. A informação foi confirmada ao DIA pela Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos do Estado (Agetransp), neste sábado. A SuperVia anunciou o aumento para o dia 21 de março. Porém, a Secretaria de Estado de Transportes (Setrans) afirmou que a data será adiada até que terminem as negociações. fotogaleria
Segundo a Setrans, as tratativas com a SuperVia para a fixação do novo valor estão em andamento:
"Até que sejam concluídas as negociações entre o governo do estado e a SuperVia, a vigência do reajuste tarifário do sistema ferroviário será adiada. As tratativas em curso levam em consideração um valor compatível com a realidade atual, além de melhorias no sistema", informou a secretaria, em nota.
Também procurada, a SuperVia disse que uma nova data para a aplicação do reajuste ainda será confirmada.
A notícia do aumento das passagens dos trens gerou insatisfação entre os passageiros que dependem do transporte. Para Elizandra Camilo, de 44 anos, o serviço prestado pela concessionária não condiz com a tarifa cobrada.
"Não acho justo nem o valor atual, o serviço deixa muito a desejar. Todos os dias operam com horário irregular, colocam trens velhos demais e temos que ficar trocando de composição. Imagina trem atrasado e velho que dá problema a todo instante. Também falta de banheiro nas estações. No geral, é tudo muito precário", disse a moradora de Saracuruna, que trabalha como acompanhante de idosos.
Nascida e criada em Duque de Caxias, Luciana Valladares, de 38 anos, falou que já desistiu de usar os trens no dia a dia. Segundo a secretária, não dá para dizer todos os dias ao patrão que está atrasada por conta do transporte.
"Usei trem a minha vida toda e nunca foi bom. Quando eu era pequena, as famílias usavam o trem para levar as crianças à Quinta da Boa Vista, porque era barato. O trem também tinha um papel fundamental no pouco lazer que as pessoas da Baixada tinham. Hoje em dia, pego o trem no final de semana para visitar minha mãe e família que ainda moram em Caxias, porque aí não tenho compromisso com horário", contou Luciana, que atualmente mora no Leblon.
Para a secretária, o aumento não se justifica e vai prejudicar à população.
"Não há sequer respeito com os usuários. O trem não é só uma forma mais barata de ir para o centro da cidade, seria uma forma de desafogar o trânsito. Mas o transporte simplesmente não funciona direito. Haverá um impacto relevante não só na vida financeira, como na qualidade de vida dos usuários, tendo em vista que quando falamos de dinheiro, sentimos cortar na carne o aumento de todos os itens da cesta básica. Mas o salário mesmo não acompanha. A balança é sempre desproporcional", lamentou.
A analista financeira Beatriz Pimentel, de 23 anos, também não está satisfeita com o aumento do preço. "Não é justo, todos os dias tá com intervalos irregulares, os trens em péssimo estado e as vezes sem ar condicionado. Esse aumento vai prejudicar a vida do trabalhador, fazendo com que as empresas deem preferência para permanecer com funcionários que não pegam trem ou moram mais perto", disse moradora de Saracuruna.
Reajuste foi homologado em dezembro
Homologado em dezembro pela Agetransp, o novo valor de tarifa estava previsto para passar a valer em 2 de fevereiro, mas foi adiado para o dia 4 de março e, depois, adiado novamente. A passagem que, atualmente é de R$ 5, passaria para R$ 7.
A mudança tarifária, à época, teve como base a inflação media pelo índice IGP-M (índice de inflação calculado pela Fundação Getúlio Vargas), como prevê o contrato de concessão do serviço. O valor, contudo, não foi aprovado pelo governo na ocasião.
De acordo com a SuperVia, o reajuste de R$ 7 foi baseado no valor da tarifa homologada em 2021, que era de R$ 5,90. Mas que nunca foi cobrada dos passageiros porque, um desconto foi negociado com o governo. Com isso, os usuários dos trens pagam R$ 5 de passagem.
A mudança tarifária, à época, teve como base a inflação media pelo índice IGP-M (índice de inflação calculado pela Fundação Getúlio Vargas), como prevê o contrato de concessão do serviço. O valor, contudo, não foi aprovado pelo governo na ocasião.
De acordo com a SuperVia, o reajuste de R$ 7 foi baseado no valor da tarifa homologada em 2021, que era de R$ 5,90. Mas que nunca foi cobrada dos passageiros porque, um desconto foi negociado com o governo. Com isso, os usuários dos trens pagam R$ 5 de passagem.
A concessionária lembrou ainda da redução no número de passageiros para reforçar a necessidade de reajuste da tarifa:
"Em função da pandemia do coronavírus, desde março de 2020 (a SuperVia) acumula uma perda financeira de mais de R$ 646 milhões. Atualmente, a concessionária transporta a metade do volume total de clientes em relação ao que era registrado antes da pandemia. Considerando a pandemia e a crise econômica e social do Rio de Janeiro, a recuperação total do fluxo de passageiros está prevista apenas para 2024", projetou.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.