Publicado 10/03/2022 21:43
Rio - A vereadora Benny Briolly foi vítima de racismo religioso na Câmara Municipal de Niterói, nesta quinta-feira, durante a votação do projeto de lei que busca instituir o dia 12 de novembro como dia de Maria Mulambo. A sessão teve de ser interrompida por conta de gritos e xingamentos proferidos por algumas das pessoas presentes na Casa. A transmissão online foi derrubada e somente quem estava presente assistiu a confusão.
De acordo com a vereadora, os pais de santo que acompanhavam a sessão foram intimidados por bolsonaristas que acompanhavam a sessão. "A branquitude busca silenciar nossas divindades africanas e esse Projeto de lei é justamente para transformar essa perspectiva racista religiosa. Mas a Câmara escolheu intensificar o racismo religioso na cidade. Todo povo de axé foi agredido de alguma forma", relatou Benny Briolly.
A parlamentar é a primeira travesti eleita no estado do Rio de Janeiro e considerada a mulher mais votada do município. Procurada pela reportagem, a Câmara Municipal de Niterói não havia se pronunciado sobre o episódio até a publicação desta matéria.
Veja o vídeo:
Benny Briolly teve a fala interrompida por gritos como "demônio", "capeta", "tá repreendido", "só Jesus Cristo é o senhor". Além disso, Benny denuncia que também foi vítima de falas transfóbicas e racistas feitas pelos próprios vereadores.
"Até mesmo os assessores da vereadora foram impedidos de entrar na sessão. Inclusive o povo de santo também foi criticado por usar as vestes tradicionais da religião. Assim como as travestis e a vereadora foram chamadas por pronomes masculinos por bolsonaristas que estavam na casa legislativa", afirmou a assessoria da vereadora de Niterói.
Procurada, a Câmara dos Vereadores de Niterói ainda não se pronunciaram sobre o ocorrido.
Ameaças de morte
A vereadora de Niterói voltou a ser alvo de ameaças de morte na quarta-feira (9). Ela usou as redes sociais para denunciar que esta é a sexta vez em que se torna vítima deste tipo de crime, somente em 2022. Segundo a publicação, um dossiê enviado à Polícia Civil reúne mais de 20 em menos de um ano.
Em imagens compartilhadas por Briolly, é possível ver os e-mails com as ameaças. Um deles se refere à vereadora como "macaco" e diz ter contatos na região de Niterói para conseguir um canhão e explodir sua casa enquanto ela estiver dormindo. "Durma de olhos abertos", alerta o texto. Outra diz que se Benny não renunciar ao seu mandato, irá explodir seu gabinete. "Sou pedófilo e terrorista assumido e irei explodir seu gabinete com você dentro se você não renunciar. Você tem 90 dias para renunciar, senão já sabe o que vai acontecer!", intimidou outro.
Em imagens compartilhadas por Briolly, é possível ver os e-mails com as ameaças. Um deles se refere à vereadora como "macaco" e diz ter contatos na região de Niterói para conseguir um canhão e explodir sua casa enquanto ela estiver dormindo. "Durma de olhos abertos", alerta o texto. Outra diz que se Benny não renunciar ao seu mandato, irá explodir seu gabinete. "Sou pedófilo e terrorista assumido e irei explodir seu gabinete com você dentro se você não renunciar. Você tem 90 dias para renunciar, senão já sabe o que vai acontecer!", intimidou outro.
Há ainda um e-mail que diz que irá "dar o tiro de misericórdia" na testa da parlamentar. "É isso mesmo que você leu! Sou um completo fantasma e tenho certeza da impunidade. Já tenho tudo preparado para fugir do país. Este e-mail também nem você nem os porcos vagabundos da (Polícia) Civil de Niterói vão conseguir rastrear. A Polícia Federal também, já que eles não possuem jurisdição na Alemanha. Por que acha que ninguém achou o responsável por matar Marielle Franco? Aguarde a visitinha da minha Glock G25 calibre 380. TIC TAC."
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