Angra dos Reis sofreu com deslizamento de terra e queda de árvores Divulgação/Angra dos Reis
Publicado 02/04/2022 08:51 | Atualizado 02/04/2022 17:58
Rio - Quase dois meses após a tragédia em razão das fortes chuvas que atingiram Petrópolis, na Região Serrana do Rio, o Estado do Rio sofre novamente com o acúmulo de água. Desta vez, a Costa Verde do Rio e a Baixada Fluminense foram as mais atingidas. Até o momento, 13 pessoas morreram em decorrência do temporal, sendo sete delas em Paraty, cinco em Angra dos Reis e uma em Mesquita. 
Em Paraty, sete pessoas de uma mesma família não resistiram após o deslizamento de terra na comunidade de Ponta Negra. Lucimar e seis filhos, Lucimara de Jesus Campos, 17, Luciano de Jesus Campos, 15, Jasmin, 10, Yasmim, 8, Estevão, 5, e João, 2, não resistiram. Um sétimo filho, identificado apenas como Dorqueu, de 9 anos, foi resgatado com vida e foi encaminhado para o Hospital de Praia Brava.
Há ainda outras quatro pessoas feridas, de outras famílias, mas sem gravidade. Ao todo, sete casas foram atingidas. Equipes dos Bombeiros e da Defesa Civil estão no local apoiando as ações de resgate. Uma base de resgate foi montada dentro do Condomínio Laranjeiras para socorrer eventuais vítimas com lanchas de resgate já que o acesso à Ponta Negra só pode ser feito por barco. 
No total, 22 bairros foram atingidos por alagamentos e outras ocorrências ligadas às chuvas. São 71 famílias desalojadas até o momento, já que suas casas foram alagadas nos bairros Condado, Patrimônio e Ilha das Cobras. Estas pessoas foram acolhidas na escola municipal Pequenina Calixto, no centro da cidade, na sede do Detran, no Condado, e na Associação Cairuçu, no Patrimônio. Até o momento, já choveu no município, desde quinta-feira, mais de 300 mm.
Em relação às estradas, todas as barreiras na Rio-Santos foram removidas ou parcialmente removidas, com exceção do km 592, onde o tráfego flui por desvio por via municipal. Na estrada Paraty-Cunha, o fluxo segue normal, mas há risco de queda de galhos e árvores.
Angra dos Reis
Na cidade de Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio, a Defesa Civil encontrou, no bairro Monsuaba, corpos que aparentavam ser de duas crianças de 4 e 9 anos, de um adolescente de 11, de um adulto de 35 anos e de um idoso de 60 anos. No local, onde foram registrados 655 mm de chuva em 48h, pelo menos quatro residências foram atingidas por deslizamentos de terra.
O Corpo de Bombeiros informou que o desabamento aconteceu por volta das 3h50, na Rua Francisco Cesário Alvim, três vítimas foram resgatadas pela corporação e duas pelo Serviço Móvel de Urgência (Samu), e levadas para o Hospital Municipal da Japuíba. De acordo com os relatos de parentes, outras seis ainda estão desaparecidas.
Pela primeira vez nos registros de quantidade de chuva em Angra dos Reis, o volume atingiu 655 milímetros no continente, e 592 milímetros na Ilha Grande. Todo o contingente da Defesa Civil, acompanhado de profissionais de diferentes áreas da prefeitura, atua para prestar apoio à população. A operação conta com seis quartéis, como o de Angra dos Reis, com apoio de Paraty, da Barra da Tijuca, do Rio, e Magé, e a Defesa Civil. 
Todas as sirenes do sistema de alerta - 28 sirenes, distribuídas em 20 blocos, que abrangem as áreas de risco - soaram durante a madrugada, para alertar moradores sobre a possibilidade de deslizamentos e alagamentos. Em Monsuaba, bairro do deslizamento de terra, foram registrados 655 mm de chuva em 48h. 

A prefeitura informou que está disponibilizando abrigos para as pessoas que precisam deixar suas casas. No momento, 49 pessoas encontram-se em abrigos, localizados em unidades da rede municipal, recebendo apoio da secretaria de Educação e da Assistência Social. Todas as escolas da rede estão mobilizadas e prontas para atender à população, de acordo com as necessidades indicadas pela Defesa Civil.
Por conta do alto volume de água, o transporte público está operando com intervalos maiores nas seguintes linhas: 207 (Japuíba); T20 (Parque Mambucaba); T21 (Frade); 203 (Serra d'Água); 206 (Banqueta); 208 (Belém); 221 (Nova Angra); 403 (Camorim); 224 (Vila Nova). Já as linhas 225 (Campo Belo) e CO1 (Circular) estão em operação, mas com horários reduzidos.
Os deslizamentos de terra ocasionaram a obstrução total da BR 101 no sentido Rio de Janeiro, nos trechos dos quilômetros 447,  460 e Km 464. No quilômetro 475, o deslizamento ocorreu próximo ao Mirante e não é visível para quem trafega. Uma equipe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) atua no local e acionou a Defesa Civil. A via foi interditada. Um desvio com cones é feito para a montagem de esquema pare e siga para retomada da circulação. 
O trânsito na RJ-155 flui em apenas uma das pistas, na altura dos túneis. A Defesa Civil pede que as pessoas permaneçam em casa e só saiam em caso de ser esta a orientação pelas sirenes, SMSs ou pessoalmente, pelos técnicos que estão nas ruas.
Por conta do temporal, o Ministério do Desenvolvimento Regional adotou ações de apoio ao Rio de Janeiro. O ministro Daniel Ferreira determinou a ida do secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas, ao estado, fez contato com o governador Cláudio Castro e com a prefeitura de Angra dos Reis. Como parte do apoio federal, também foram acionadas aeronaves das Forças Armadas para transportar militares do Corpo de Bombeiros para as regiões mais afetadas.
Ilha Grande
Em Ilha Grande, as comunidades mais afetadas foram as de Araçatiba, Vermelha, Provetá e Aventureiro. Na Praia Vermelha e no Provetá ocorreram deslizamentos de terra e blocos de pedra. A Praia de Itaguaçu, ao lado da praia Vermelha, foi praticamente soterrada. Houve registro de deslizamento também no Aventureiro e na Vila do Abraão. Os moradores do Abraão que precisaram deixar suas casas estão seguindo para a Casa de Cultura e para a sede do Parque Estadual da Ilha Grande. No momento, as equipes da Defesa Civil tentam acesso à Praia de Palmas.
Desabastecimento de água
As fortes chuvas que atingem a cidade prejudicaram o funcionamento dos principais sistemas que abastecem os bairros. Segundo o Saae, alguns sistemas apresentaram entupimento e o que abastece a Grande Japuíba precisou ser desligado em função da falta de qualidade da água.

As equipes do Saae monitoram atentamente a situação e já estão em campo realizando alguns reparos. Já o sistema da área Central, gerido pela Cedae, estava sem energia na elevatória e, por isso, sem funcionamento.
Apoio às famílias

Nesta sexta-feira, profissionais da Secretaria de Desenvolvimento Social e Promoção da Cidadania e Secretaria Executiva de Assistência Social passaram o dia em atendimento às famílias que procuraram os pontos de apoio abertos no município. Foram realizados ainda mais de 211 atendimentos nos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) da cidade.

Mesmo depois de deixarem os locais que oferecem ajuda, essas famílias continuarão recebendo a assistência necessária. Todos os CRAS permaneceram abertos durante o dia para atender à população. Até às 18h desta sexta, nenhuma pessoa precisou ficar nos abrigos. As aulas municipais foram suspensas nesta sexta-feira.

No decorrer do final de semana, famílias que precisarem de assistência poderão se dirigir para a Casa Abrigo, aberta 24h, no Areal, ou para o Centro de Atenção à População de Rua, no Bracuí, também aberto 24 horas. Além disso a Secretaria de Desenvolvimento Social deixou equipes de plantão para monitorar possíveis casos de desalojados.
Ainda nesta sexta, mais de 800 profissionais de diversas secretarias estiveram mobilizados para atender os chamados quanto às vias obstruídas, quedas de árvores, pontos de alagamentos e deslizamentos.
Segundo a Defesa Civil, 70 bairros receberam SMS’s com mensagens para evacuação. Foram efetuados 17 cortes de árvores em residências e 22 foram retiradas por conta de obstrução nas seguintes vias: BR-101 e RJ-155. Mensagens de evacuação também foram enviadas aos moradores da Vila Histórica de Mambucaba, Morro da Boa Vista, Parque Perequê e Parque Mambucaba, exclusivamente quanto ao risco exclusivo de alagamentos nessas localidades, por conta de junção das chuvas e da maré alta.
Baixada Fluminense
O temporal que atingiu cidades na Região Metropolitana deixou uma pessoa morta em Mesquita, na Baixada Fluminense. A vítima aparentava ter cerca de 35 anos. Municípios foram atingidos com fortes chuvas que provocaram alagamentos em várias regiões.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o homem foi encontrado morto no Centro do município. A Defesa Civil afirmou que a morte teria sido provocada por uma descarga elétrica no centro do município. O órgão também registrou oito chamados até o momento, sendo um deles por desbarrancamento, no bairro Juscelino, mas sem vítimas.
Já os demais casos foram de alagamentos. Houve transbordamento do Rio Dona Eugênia, na Coreia, e do Rio da Prata, na Jacutinga. Até o momento, registrou-se 265 mm de chuva no município de Mesquita, de acordo com dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
A prefeitura informou que equipes de serviços públicos já estão nas ruas para desobstruir as vias e limpar os detritos trazidos pela chuva.
"A Defesa Civil de Mesquita frisa que os rios que cortam a cidade estão sendo monitorados em tempo real e que foi emitido, antes do temporal, SMS, alertando a população sobre a possibilidade de chuva forte na noite desta sexta-feira. Além disso, a Secretaria Municipal de Mobilidade, Infraestrutura e Serviços Públicos informa que um trabalho preventivo de limpeza de bueiros e de construção de novas bocas de lobo e ralos tem sido feito constantemente em pontos estratégicos da cidade, ajudando no escoamento da água das chuvas", informou a prefeitura.
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