Publicado 27/04/2022 12:23 | Atualizado 27/04/2022 13:52
Rio - O advogado que acompanha o caso de Jonathan Ribeiro de Almeida, de 18 anos, morto no Jacarezinho na última segunda-feira cobra investigação independente. Joel Luiz Costa é fundador e coordenador executivo do Instituto Defesa da População Negra. "O que a gente precisa enquanto acolhimento e busca de Justiça é ter um processo de investigação imparcial e com instituições além da Polícia Civil, que inclua sociedade civil, Ministério Público e Defensoria", afirmou.
Os familiares de Jonathan, enterrado no início da tarde desta quarta-feira (27) no Cemitério de Inhaúma, serão ouvidos ainda nesta semana na Defensoria do Estado do Rio. "O que temos buscado é que o processo de colheita de provas seja feito não só pela polícia. A gente não tem uma perícia autónoma. O território está ocupado pela Polícia Civil", pondera. Além da Defensoria, os familiares de Jonathan também serão recebidos pela Comissão de Direitos Humanos da Alerj.
Com uma carreira de defesa de direitos no Jacarezinho, Joel Luiz Costa afirma que o disparo que matou Jonathan foi rápido, truculento e "padrão no espaço em que a irregularidade reina".
"Ele estava na rua, a polícia entrou. Ele estava de costas. Foi uma ação rápida, só um tiro. Foi muito rápido, muito truculento e muito padrão no espaço em que a irregularidade reina. A política de morte é trivial, acontece todo dia (na favela) e está tudo bem. Não é um equívoco. O policial tem que ter muita consciência de que vai ficar ileso para dar um tiro na pessoa de costas. A sociedade leva de boa. 'Para além da abordagem, estou na favela, posso dar tiro a esmo, se alguém morrer está tudo bem. Falam que é dano colateral", criticou.
O corpo de Jonathan Ribeiro de Almeida, de 18 anos, será enterrado às 13h30 desta quarta-feira, no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio. O jovem morreu após ser baleado na comunidade do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, na noite desta segunda-feira. Os familiares acusam policiais militares de terem dado o tiro. O rapaz foi levado para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Manguinhos, mas não resistiu ao ferimento. A Corregedoria da PM abriu uma investigação sobre o caso.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram Jonathan Ribeiro de Almeida sendo socorrido por moradores em cima de uma motocicleta, entre duas pessoas.
Logo depois que a morte foi confirmada, moradores fizeram um protesto na Avenida Dom Hélder Câmara. Em alguns vídeos divulgados na internet, é possível ver populares ateando fogo em caixas de papelão e montando barricadas em chamas em vários pontos da via, que chegou a ser interditada.
Em nota, a Polícia Militar informou que equipes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) participaram de uma ocorrência no Jacarezinho, na qual um homem foi ferido. Segundo a corporação, os policiais disseram que não foi possível prestar socorro ao ferido em função da reação de um grupo de moradores que arremessaram pedras e garrafas em direção aos agentes.
Ainda de acordo com a PM, havia certa quantidade de drogas e uma réplica de arma com Jonathan, o que é negado pela família. A mãe de Jonathan Ribeiro afirmou que estão tentando manchar a imagem do seu filho e ressalta a omissão de socorro dos agentes. Ela também diz que não houve nenhum tiroteio no momento do disparo que matou o jovem de 18 anos.
A Polícia Civil informou que a DHC foi acionada e apura as circunstâncias da morte de Jonathan Ribeiro. A perícia foi realizada no local e a arma do policial militar foi recolhida para exame pericial. Familiares e testemunhas serão ouvidas pelos agentes.
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