Publicado 05/05/2022 20:36
Rio - O Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ), por meio da Força-Tarefa que atua nas investigações das mortes e demais delitos ocorridos em operação policial no Jacarezinho (FT-Jacarezinho/MPRJ), denunciou à Justiça, nesta quinta-feira, os policiais civis Amaury Godoy Mafra e Alexandre Moura de Souza pelo homicídio doloso de Richard Gabriel da Silva Ferreira e Isaac Pinheiro de Oliveira.
Os crimes, segundo o órgão, ocorreram durante incursão realizada na comunidade no dia 6 de maio de 2021, que terminou com 28 pessoas mortas, sendo a operação mais letal do Rio de Janeiro. Amaury e Alexandre também são acusados de fraude processual (na forma prevista pela Lei de Abuso de Autoridade) e de forjar o cenário do crime.
Na denúncia, a FT requereu ao 2º Tribunal do Júri da Capital o afastamento dos policiais de suas funções públicas, no que diz respeito à participação em operações policiais, além de medidas cautelares previstas no art. 319, incisos II e III, do CPP. Segundo a Ação, o crime aconteceu quando os policiais entraram na residência onde Richard e Isaac estavam abrigados, após já terem sido baleados durante a troca de tiros.
"Apesar de serem alertados de que não existiam reféns, tanto que não houve oposição à entrada e nem rota de fuga dos traficantes, Amaury e Alexandre encurralaram as vítimas em um cômodo vazio e efetuaram diversos disparos. O laudo pericial feito no local atestou ausência de vestígios de conflito. Ainda de acordo com os fatos narrados, no mesmo dia do ocorrido, os denunciados registraram na Delegacia duas pistolas, dois carregadores e uma granada, alegando falsamente que foram recolhidos com Isaac e Richard, numa tentativa de se eximirem da responsabilidade pelos assassinatos", alegou o MP na denúncia.
Com essa denúncia, a FT-Jacarezinho, instituída pelo procurador-geral de Justiça Luciano Mattos, em 11 de maio de 2021, através da Resolução GPGJ nº 2.416/2021, encerra suas atividades. Ao todo, foram ajuizadas outras duas denúncias. A primeira também contra dois policiais civis, um por homicídio doloso e fraude processual e o outro por fraude processual, pela morte de Omar Pereira da Silva, durante a ação na comunidade. Também foi requerido o afastamento dos policiais de suas funções públicas, no que diz respeito à participação em operações policiais. Até maio deste ano foi realizada busca ativa com 161 testemunhas, sendo 72 pessoas ouvidas nas investigações.
A segunda denúncia ajuizada pela FT-Jacarezinho/MPRJ foi contra os traficantes Adriano de Souza de Freitas, conhecido como "Chico Bento", e Felipe Ferreira Manoel, conhecido como "Fred", líderes do tráfico de drogas no Jacarezinho, por homicídio quintuplamente qualificado, pela morte do inspetor da Polícia Civil André Leonardo de Mello Frias. Os dois traficantes também foram denunciados por outras 11 tentativas de homicídios, contra policiais civis que participavam da operação.
Um ano da operação mais letal do Rio de Janeiro
A segunda denúncia ajuizada pela FT-Jacarezinho/MPRJ foi contra os traficantes Adriano de Souza de Freitas, conhecido como "Chico Bento", e Felipe Ferreira Manoel, conhecido como "Fred", líderes do tráfico de drogas no Jacarezinho, por homicídio quintuplamente qualificado, pela morte do inspetor da Polícia Civil André Leonardo de Mello Frias. Os dois traficantes também foram denunciados por outras 11 tentativas de homicídios, contra policiais civis que participavam da operação.
Um ano da operação mais letal do Rio de Janeiro
Passado um ano da operação mais letal da história do Rio de Janeiro, que deixou 28 mortos no Jacarezinho, na Zona Norte, mais da metade das investigações do Ministério Público do Rio (MPRJ) foram arquivadas. Das 13 denúncias, dez envolvendo a morte de 23 pessoas foram arquivadas, mas podem ter o desarquivamento solicitado em até 20 anos em caso de novas informações.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.