Publicado 10/05/2022 14:44 | Atualizado 10/05/2022 19:56
Rio - A delegada Adriana Belém, um dos alvos da Operação Calígula, deflagrada na manhã desta terça-feira (10), foi presa no início da tarde pela Força-Tarefa do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Adriana, conhecida por ser uma delegada com diversas aparições na mídia, foi evada para a Corregedoria da Polícia Civil. A prisão preventiva foi deferida pela Vara Especializada do Tribunal de Justiça, após a agentes localizarem no apartamento de Adriana, em um condomínio na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, quase R$ 2 milhões em espécie alocados em bolsas de sapato de marcas de luxo.
Para os promotores de Justiça, o valor encontrado na residência de Belém é um forte indício de lavagem de dinheiro. Na decisão, o juiz Bruno Monteiro Ruliere também diz que o valor encontrado na casa da delegada significa que ela tem forte ligação com a organização criminosa investigada na operação. Ele escreveu ainda que sua liberdade pode culminar em possíveis ocultações de provas ou "embaraços aos atos de instrução criminal". O TJRJ informou que o processo tramita em segredo de justiça.
Até o momento, foi contabilizado aproximadamente R$ 1,8 milhão apreendido. Inicialmente, ela foi denunciada por corrupção em razão da liberação das máquinas de caça-níqueis.
A operação mira uma organização criminosa entorno do jogo do bicho liderada por Rogério de Andrade e seu filho, Gustavo de Andrade.
Ao todo, 12 pessoas foram presas na Operação Calígula, 24 pedidos de prisão foram expedidos, 119 mandados de busca e apreensão foram cumpridos e 30 pessoas foram denunciadas.
Delegada com aparições na mídia
A delegada entregou a titularidade da 16ª DP em janeiro de 2020, durante a operação Intocáveis II, do Ministério Público do Rio de Janeiro. Na ocasião, seu braço-direito Jorge Luiz Camillo e o inspetor Alex Fabiano Costa de Abreu foram presos por atuarem contra investigações que envolviam a milícia do Rio das Pedras e Muzema, também na Zona Oeste do Rio.
A ligação do chefe de investigação da 16ª DP com o grupo paramilitar era tão grande que ele era conhecido como o "Amigo da 16" pelos criminosos. O policial foi flagrado em várias conversas com o PM reformado Ronnie Lessa.
Também em 2020, Belém foi candidata a vereadora do município do Rio, pelo Partido Social Cristão (PSC). Ela recebeu mais de 3,5 mil votos, mas não se elegeu. A campanha da delegada contou com apoio de personalidades como os ex-jogadores de futebol, Adriano Imperador, Amoroso, Deco, Djalminha, Edmundo, além dos artistas David Brasil, Dudu Nobre, MC G15 e Xande de Pilares.
Desde o mês passado, a ex-titular da 16ª DP ocupava o cargo de assessora na Secretaria Municipal de Esportes e Lazer do Rio (SMEL), onde recebia salário de R$ 8.345,14, segundo informações do Portal da Transparência. Entretanto, de acordo com a pasta, ela será exonerada do cargo nesta terça-feira (10). Nas redes sociais, a delegada compartilhava fotos em festas, passeios de barco e em um camarote na Sapucaí.
Em uma publicação desta segunda-feira (9), Belém aparece presenteando o filho com um carro de luxo blindado. "Para quem andava de bicicleta elétrica até ontem, estar de blindado agora (...) 'Passa nada'. Agora dá licença que o pai 'tá on'", brinca o jovem no vídeo. "Agora não vou mais para a faculdade de bicicleta, estou habilitado. E tudo graças a uma pessoa: minha mamãe linda do meu coração", comenta ele em outro vídeo.
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