Publicado 23/05/2022 10:12
Rio - Um rapaz jovem, independente, que trabalhava, morava sozinho e tinha o sonho de fazer faculdade de Veterinária. De uma hora para outra, tudo mudou. É assim que Mateus Domingues Carvalho, de 21 anos, resume a sua vida e o trágico acontecimento que o vitimou. “Levei um tiro por causa de R$ 4”, disse em entrevista ao Fantástico, na noite deste domingo (22).
O jovem lembrou como tudo aconteceu naquela noite, quando foi baleado pelo sargento-bombeiro, Paulo César de Souza Albuquerque, após confusão no drive-thru do MC Donald’s: “Quando ele chegou (diz se referindo ao bombeiro), por volta das duas da manhã, tinha um carro na frente, antes do dele. Estava muito cheio e nisso ele já estava bem alterado lá atrás. Buzinando muito, muito, muito, mesmo."
Mateus contou que na hora pensou: “Vou tratar ele bem, dar um bom dia, como eu faço com todo mundo, e botar um sorriso no rosto pra amenizar a situação.” Segundo o rapaz, Paulo fez o pedido e só após o atendente finalizar a compra é que Paulo então mostrou o cupom de desconto. Como o sistema da empresa exige que esse procedimento seja feito antes de efetuar o pedido, o jovem explicou que não poderia mais aplicar o tal desconto. Em seguida, Paulo se exaltou e entrou armado na lanchonete.
“Se ele esperasse um minuto, eu chamava o gerente, que ia bater o cupom e ele ia levar o que queria. Se eu não me engano, o cupom dá uma diferença de R$ 4....Eu levei um tiro por causa de R$ 4”, diz Mateus.
Com o tirou, Mateus perdeu um dos rins e parte do intestino. Precisou fazer colostomia e agora aguarda os médicos dizerem quando será a próxima cirurgia para tentar reverter a colostomia.
Alta hospitalar e rotina difícil em casa
Com o tirou, Mateus perdeu um dos rins e parte do intestino. Precisou fazer colostomia e agora aguarda os médicos dizerem quando será a próxima cirurgia para tentar reverter a colostomia.
Alta hospitalar e rotina difícil em casa
Após ter alta do hospital, na última quarta-feira (18), Mateus e a família se depararam com a dura rotina que a recuperação do rapaz exige de todos. Além disso, os gastos são muitos. Remédio, material para curativo, as bolsas de colostomia, alimentação especial e colchão ortopédico são alguns dos itens que entraram para as despesas fixas da família.
Em entrevista exclusiva ao O Dia, Marcela Costa, de 39 anos, tia do Mateus, contou que, para minimizar o impacto no orçamento familiar, amigos deram a ideia de fazer uma vaquinha virtual para ajudar nas despesas. “Nem sabia que isso existia, mas gostei da ideia e resolvi fazer. O que a gente arrecadar vai ser bem-vindo. Trabalho por conta própria. Sou massoterapeuta e desde que tudo isso aconteceu, praticamente parei minha vida e meu trabalho. Mateus é como um filho pra mim. Só vou descansar quando ele estiver 100% recuperado”, diz ela para, em seguida, ser tomada por uma desesperança: “Se bem que ser como era antes ele não vai ser nunca mais, ne? Um rapaz jovem, ativo, independente e de repente vê-lo assim em cima de uma cama, com dificuldade para andar, sem um rim e com essa bolsa de colostomia que a gente nem sabe se vai reverter um dia... Ficar 100% eu sei que não vai ficar.”
O link para quem quiser ajudar na vaquinha virtual de Mateus é AjudeMateusDomingosCarvalho.
Alívio com a prisão do suspeito
Desde que tudo aconteceu, a família convive com a dor e com o medo. Segundo Marcela, saber que a pessoa que atirou em Mateus estava solta por aí era muito angustiante. Por isso, na sexta (20), ao saberem da prisão do bombeiro Paulo César de Souza Albuquerque, que atirou em Mateus, foi um alívio para todos, diz ela. “Ele tinha medo. Eu tinha medo. Estávamos muito inseguros. A campainha de casa tocava e era um sobressalto. Pode parecer besteira, mas só quem passa por uma violência gratuita e sem tamanho como essa é que entende o que estamos passando. Estamos aliviados.” Agora, Marcela torce para que o bombeiro continue preso e seja condenado. “Quero que se faça justiça. É um mínimo, né? Quero justiça, por mais que às vezes seja bem difícil acreditar nela.”
Por telefone, o advogado de Paulo, Sandro Figueredo, afirmou que ainda nesta segunda (23) entrará com pedido de revogação da prisão preventiva do bombeiro: “Estou preparando o pedido de revogação da prisão preventiva e impetrarei ainda hoje.”
O bombeiro Paulo César, que atirou em Matheus, se entregou à polícia na sexta-feira (20) e, na madrugada de sábado, já foi encaminhado ao Grupamento Especial Prisional (GEP) do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ), onde permanece preso, à disposição da Justiça.
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