Publicado 23/05/2022 15:09 | Atualizado 23/05/2022 17:49
Rio - Os deputados membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Trens, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), realizaram, nesta segunda-feira (23), vistoria no ramal ferroviário de Saracuruna, operado pela concessionária Supervia. Durante a inspeção, os parlamentares constataram que a operação de trens nas estações Fragoso e Vila Inhomirim permanece suspensa em decorrência da estrutura instável da ponte de acesso à estação final. O serviço foi interrompido em novembro de 2020 e, com isso, os passageiros só conseguem chegar até Piabetá.
Segundo o gerente de Câmara Técnica de Transportes e Rodovias da Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp), Édipo Ázaro, a estrutura da ponte era muito antiga e foi danificada pelas chuvas, colocando em risco a circulação de trens no local. Ainda não há prazo para o retorno do serviço.
Durante a vistoria, usuários do ramal denunciaram a demora para a chegada das composições que saem de Saracuruna com destino a Piabetá. O intervalo entre os trens que fazem o trajeto é de, em média, quatro horas. A presidente da CPI, deputada Lucinha (PSD), disse que o Governo do Estado e a Supervia precisam proporcionar o retorno dos trens no trajeto, além de resolver as irregularidades de infraestrutura, sinalização e acessibilidade nas estações fiscalizadas.
"É triste saber que um passageiro fica aqui na estação de Saracuruna durante quatro horas esperando para chegar a Piabetá. As condições são terríveis para o trabalhador. Também vimos a preocupação dos maquinistas, que precisam ligar para ter autorização para transitar de uma estação para outra, devido à precariedade da sinalização e à falta de tecnologias mais inovadoras. A Agetransp precisa multar a Supervia por não executar o serviço que deveriam", observou a parlamentar.
Os parlamentares constataram, ainda, a deterioração dos dormentes, principalmente a partir da estação Bonsucesso. Dessa forma, o tempo de viagem é prejudicado, pois a velocidade tem que ser reduzida.
"As vias permanentes estão muito deterioradas, trilhos, dormentes, canaletas com muito mato, condições muito precárias. Nessa vistoria, pudemos constatar o que vimos nas outras também: abandono da linha férrea, conservação precária, muito lixo, forte presença do crime nas estações, e ausência de banheiros. Precisamos de uma mudança profunda nesse sistema", afirmou o relator da CPI, deputado Waldeck Carneiro (PSB).
Para o deputado Luiz Paulo (PSD), é necessário que a concessão seja analisada. "Está faltando investimento, planejamento de conservação, sinalização. Há muito a se fazer para o sistema ficar funcionando ao menos de forma mediana. No programa Pacto RJ, está sinalizada uma linha estratégica que é a infraestrutura, e eu não vejo nada mais estratégico do que o sistema ferroviário de transporte. O que estamos fazendo, além de verificar as responsabilidades, é também alertar sobre essa situação caótica", comentou.
No começo deste mês, no dia 2 de maio, deputados também realizaram uma vistoria e pediram retorno do trem expresso no ramal de Santa Cruz.
A deputada Lucinha (PSD) comentou que é preciso abrir uma excepcionalidade no decreto de calamidade pública, com o objetivo de fazer com que o trem expresso volte a percorrer as 34 estações do trajeto que vai de Santa Cruz à Central do Brasil.
"Na estação Deodoro, as pessoas saem correndo para pegar outra plataforma para embarcar em outro trem expresso que vai para a Central do Brasil. É um deslocamento desnecessário. Queremos fazer esse levantamento para que, no relatório final, a gente possa apontar que a Supervia é a grande responsável por esse serviço precário. Vou solicitar essa excepcionalidade, para que esse decreto não vigore nos transportes públicos, já que comércio, indústria e serviços já estão sendo normalizados. É uma demanda antiga da população de Santa Cruz, são mais de duas horas no trem", explicou Lucinha.
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