Publicado 26/05/2022 15:51
Rio - O corpo de Fernanda Carvalho Cabral, de 22 anos, foi exumado nesta quinta-feira (26), no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste da cidade. Abalados, os pais acompanharam os trabalhos dos policiais. Fernanda e o irmão Bruno, de 16 anos, teriam sido envenenados com chumbinho no feijão pela madrasta Cíntia Mariano Cabral em um intervalo de dois meses. Segundo o delegado Flávio Rodrigues, da 33ª DP (Realengo), os peritos do Instituto Médico Legal (IML) farão a análise do cadáver e da fauna cadavérica.
"A fauna cadavérica seria os insetos que estão se alimentando do cadáver em decomposição. É importante fazer uma análise mais precisa", explicou o delegado.
Sobre a hipótese de Cíntia ter envenenado uma vizinha e o ex-marido, o delegado disse que a mulher é suspeita, mas que essas investigações ainda estão em andamento: "Não temos provas ainda, mas também estamos em buscas disso".
Fernanda ficou internada por 12 dias e não correspondeu ao tratamento. Em seu atestado de óbito, a causa da morte é por falência múltipla dos órgãos em decorrência de causas naturais. A jovem passou mal após comer banana mel e granola. Bruno, irmão de Fernanda, apresentou sintomas semelhantes aos da jovem logo após almoçar na casa onde o pai morava com a madrasta, no dia 15 de maio. O adolescente disse ter sentido gosto amargo no feijão e observado pedrinhas azuis em meio ao caldo. Ele teve visão turva, sudorese e língua enrolando.
No hospital, o adolescente foi submetido a uma lavagem estomacal e a um exame de sangue, que detectou níveis altos de chumbo em seu sangue. Ao contrário da irmã, Bruno sobreviveu. Durante a internação da enteada, Cíntia chegou a postar um vídeo com uma música gospel, uma foto da enteada e a mensagem: “Você vai vencer! Eu creio”.
"A princípio, os sintomas apresentados pela Fernanda e o Bruno são típicos de chumbinho, entre eles, tontura e taquicardia", informou Rodrigues. No entanto, segundo o delegado, essa informação ainda precisa ser confirmada.
Ainda conforme o delegado, os 12 profissionais de saúde do hospital onde Fernanda esteve internada serão ouvidos ao longo dos próximos dias. "O médico, muito provavelmente, não deve ter vislumbrado a hipótese da suspeição de intoxicação exógena. É importante frisar que esse diagnóstico é mais fácil de ser feito pelos médicos do IML. Não é que os médicos do hospital não sejam capacitados para isso. Mas os médicos do IML, pela função diariamente, de fazer isso, eles têm uma expertise maior", ressaltou o delegado.
Segundo Rodrigues, a análise do celular da Cíntia depende de uma medida judicial que autorizaria o acesso aos dados.
"Os próximos passos são a chegada desses laudos, do acesso ao telefone e a oitiva dos outros profissionais da saúde do hospital", explicou Rodrigues informando que a participação do pai foi descartada.
De acordo com a advogada da família, Marcela Fernandes, os médicos ainda precisam ser ouvidos: "Para não atrapalhar as investigações, a gente não pode falar muita coisa. A exumação hoje é um ponto muito importante de todo esse quebra cabeça. É primordial. Também precisamos do laudo do Bruno também para saber se foi a mesma substância".
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.