CPI dos Trens apontou que 12 estações estavam tomadas pelo tráfico de drogasReginaldo Pimenta / Agência O Dia
Publicado 04/07/2022 19:44
Rio - O Carlos Henrique Consenza, comandante do Grupamento de Polícia Ferroviário (GPFer), informou que a especializada realizou 54 operações de combate ao tráfico de drogas nas estações dos trens da SuperVia desde maio deste ano. A informação foi dada durante uma audiência realizada nesta segunda-feira (4) pela CPI dos Trens na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
As operações da Força-Tarefa "Estação Segura" mobilizaram 1.920 policiais. Além disso, a estação Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, conta com ocupação permanente pela PM. "Após a primeira reunião junto à CPI, que apontou que 12 estações estavam tomadas pelo narcotráfico, iniciamos as operações, no mês de maio, que permitiram à concessionária realizar reparos, além de 20 prisões, apreender dois fuzis, quatro pistolas, duas granadas, além de drogas, 207 metros de cabos furtados, veículos e máquinas de caça-níquel", contou o comandante.
Durante a reunião, o deputado estadual Waldeck Carneiro (PSB) questionou se não seria mais efetivo colocar policiamento permanente nas estações onde já foram constatadas as ações do tráfico. Comandante do Policiamento Especializado da PM, o coronel André Henrique Silva respondeu que uma ocupação permanente poderia afetar o serviço de trens e a segurança da população no local.
"A permanência por 24 horas requer outro cenário. As operações irão continuar. Estas ações são muito bem pensadas, já que não podem atrapalhar o fluxo dos trens e têm que ser feitas com segurança. Temos uma programação semanal de operações", afirmou.
O deputado Luiz Paulo (PSD) ressaltou que o serviço de inteligência deve atuar para impedir o tráfico de drogas nas estações. "As operações são válidas, já que permitem que a SuperVia conserte o que há de irregular, como fechar os muros abertos. Mas o crime organizado já alarga sua atuação para dentro do patrimônio público, nas estações. Tem que dar prejuízo forte ao bolso deles, inteligência é a questão central", disse.
Ações contra o roubo de cabos
Representando a Polícia Civil, o titular da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), Luiz Henrique Marques, destacou o trabalho que vem sendo feito pela corporação no combate à compra de cabos furtados. "O trabalho deve ser focado no comprador, reprimir o furto é muito mais difícil. A Polícia Civil, levando em consideração a mancha criminal, realizou operações, nossa força-tarefa já efetuou 33 prisões, entre abril e junho deste ano, por crimes cometidos contra a SuperVia".
Durante a audiência, também foi informado que, a partir do dia 17 de agosto, os ferros-velhos só poderão funcionar diante de um Registro Administrativo de Funcionamento (RAF). Essa decisão tem o objetivo de regulamentar as atividades desses estabelecimentos e impedir a compra de materiais furtados. Com isso, o local precisará declarar a destinação do produto e de onde ele foi comprado.
A deputada Lucinha (PSD), presidente da CPI, disse que essa medida é um avanço no combate ao furto de cabos da linha ferroviária. "De alguma forma, estamos tentando buscar uma saída, através dessa CPI, para resolver os graves problemas que encontramos durante as nossas vistorias", comentou.
A deputada também questionou a SuperVia sobre as medidas tomadas para retirar as famílias que moram ao longo da linha, principalmente no Ramal de Belford Roxo. "São crianças brincando que podem ser atropelas, já que moram do lado do trilho do trem", ressaltou.
Novas vistorias
A CPI informou que fará novas vistorias com o intuito de identificar o que tem sido feito para solucionar os problemas apontados nas últimas quatro fiscalizações. As principais observações foram dormentes da linha deteriorados, mato alto, lixo, falta de acessibilidade e banheiros nas estações, construções irregulares e a necessidade da volta do trem expresso do ramal Santa Cruz.
O deputado Luiz Paulo destacou que não havia previsão de recursos para o sistema ferroviário na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a CPI incluiu emendas. "No seguimento da LDO no programa infraestrutura, sob ponto de vista de transporte, só tem o metrô leve da Baixada. Como você vai pensar em metrô leve da Baixada sem os trens funcionando? O mais importante sistema de transportes de passageiros metropolitanos. A Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2023 chega na Alerj até dia 30 de setembro. Somente nesta data que poderemos fazer emenda de valor. O relatório final da CPI vai nos ajudar muito a fazer estas emendas", afirma o deputado.
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