Publicado 07/07/2022 15:11
Rio - A Polícia Civil apresentou nesta quinta-feira (7), em uma coletiva de imprensa, a conclusão dos inquéritos dos casos de envenenamento de Fernanda Carvalho Cabral, de 22 anos, e Bruno Carvalho Cabral, de 16 anos. A madrasta dos jovens, Cíntia Mariano Dias Cabral, foi indiciada por homicídio e tentativa de homicídio. De acordo com o delegado titular da 33ª DP (Realengo), Flávio Rodrigues, responsável pelas investigações, se a suspeita for declarada culpada, pode pegar uma pena de mais de 20 anos de prisão.
"Inicialmente, eram dois inquéritos, um como tentativa de homicídio e outro como homicídio consumado, entendemos que eles são conexos, a prova de um crime está diretamente relacionado a prova de outro, decidimos trabalhar esses dois inquéritos juntos, iniciando Cíntia pelos dois crimes por emprego de veneno, ambos crimes hediondos, podendos superar os 20 anos de prisão, as penas dos dois crimes", explicou.
O delegado destacou que o conjunto de provas foi divido em depoimentos de testemunhas, prontuários médicos das vítimas e laudos do Instituto Médico Legal (IML) e a análise do telefone celular de Cíntia, que foi apreendido.
"Eu dou muito valor ao conjunto probatório, aos conjuntos de elementos colhidos, porque quando se olha uma prova, por mais importante que ela seja, ela sozinha não tem tanto valor assim, e foi isso que nós colhemos aqui no decorrer desses quase dois meses que que estivemos a frente desse caso. Vimos um conjunto muito robusto, muito contundente por parte da autoria da da senhora Cíntia Mariano Dias Cabral", disse.
De acordo com ele, a suspeita de que teria sido Cíntia a autora do envenenamento de Bruno surgiu após o relato do adolescente, alegando que a madrasta teria pego seu prato, levado até a cozinha, apagado a luz e servido mais comida, depois dele reclamar do gosto amargo no feijão. Com essa informação, buscas foram feitas na casa da suspeita e um frasco de veneno de pulga foi encontrado em uma prateleira acima do fogão onde os alimentos estavam sendo preparados.
"Inicialmente, eram dois inquéritos, um como tentativa de homicídio e outro como homicídio consumado, entendemos que eles são conexos, a prova de um crime está diretamente relacionado a prova de outro, decidimos trabalhar esses dois inquéritos juntos, iniciando Cíntia pelos dois crimes por emprego de veneno, ambos crimes hediondos, podendos superar os 20 anos de prisão, as penas dos dois crimes", explicou.
O delegado destacou que o conjunto de provas foi divido em depoimentos de testemunhas, prontuários médicos das vítimas e laudos do Instituto Médico Legal (IML) e a análise do telefone celular de Cíntia, que foi apreendido.
"Eu dou muito valor ao conjunto probatório, aos conjuntos de elementos colhidos, porque quando se olha uma prova, por mais importante que ela seja, ela sozinha não tem tanto valor assim, e foi isso que nós colhemos aqui no decorrer desses quase dois meses que que estivemos a frente desse caso. Vimos um conjunto muito robusto, muito contundente por parte da autoria da da senhora Cíntia Mariano Dias Cabral", disse.
De acordo com ele, a suspeita de que teria sido Cíntia a autora do envenenamento de Bruno surgiu após o relato do adolescente, alegando que a madrasta teria pego seu prato, levado até a cozinha, apagado a luz e servido mais comida, depois dele reclamar do gosto amargo no feijão. Com essa informação, buscas foram feitas na casa da suspeita e um frasco de veneno de pulga foi encontrado em uma prateleira acima do fogão onde os alimentos estavam sendo preparados.
A perita responsável pelo laudo de Fernanda, Gabriela da Graça, explicou os motivos de a substância não ter sido detectada inicialmente nos corpos dos irmãos, apenas o grânulo, no caso de Bruno.
"A acetilcolina esterase, ela inibe a acetilcolina, e quando você inibe o inibidor, aumenta o nível em uma proporção antifisiológica. Uma pessoa que é internada, é submetida a hidratação contínua, lavagem gástrica, como foi o Bruno, você não consegue detectar a presença. O Chumbinho vem em grânulos, e ele é um veículo. A substância é muito rapidamente liberada do grânulo. Tanto que grânulos costumam vir vazios para o exame. O grão estar vazio, significa que a substância que interessa para o efeito foi desprendida e foi utilizado pelo corpo", explicou.
O delegado ainda citou os depoimentos dos filhos de Cíntia, Lucas e Carla Mariano Rodrigues, que a apontaram como autora do crime contra Bruno e alegaram que ela teria confessado também o envenenamento de Fernanda.
"A outra coisa que veio ao encontro foi o depoimento dos filhos de Cíntia, o Lucas e a Carla. O Lucas falou para nós 'minha mãe me confessou, em uma conversa que eu tive com ela, que envenenou o Bruno e a Fernanda há cerca de dois meses, porque confessou que não queria dividir a atenção e o carinho, por parte do então companheiro'. Ele também fala que a mãe teria envenenado um outro enteado com querosene, um ex-namorado, um ex-vizinho, que morreram esses dois e são mortes suspeitas, que estamos investigando", afirmou o delegado.
Uma perícia foi realizada no celular de Cíntia, no Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE-RJ), porém, não foram encontrados conteúdos ligados ao crime. No aparelho, haviam dezenas de prints, histórico de pesquisa sobre como apagar mensagens no WhatsApp e diversas mensagens apagadas, principalmente para seus filhos.
"O que há de importante é aquisição os prints de conversas de Cíntia, especificamente com os seus próprios filhos, e também a circunstância de que Cíntia fez pesquisas no telefone de como apagar mensagem no WhatsApp. E nesses prints de conversas, em especial com seus filhos, meio que confirma o próprio depoimento dos filhos, no sentido de que Cíntia, de fato, envenenou os enteados. São diálogos se referindo a coisas passadas, pedindo para que assuma a sua responsabilidade e também mensagens apagadas. Então, mais uma vez vimos aí algo que comprova e robustece os depoimentos prestados pelos filhos naturais de Cíntia", completou o delegado.
Médica responsável pelo atestado de óbito será investigada
De acordo com o delegado Flávio Rodrigues, a médica Maria Cecília Gonçalves Rodrigues, que assinou o atestado de óbito de Fernanda, será investigada por falso testemunho, já que, segundo ele, ela teria dito inverdades durante o depoimento.
"A médica vai ser investigada por um possível crime de falso testemunho. Em tese, temos aí um falso testemunho praticado pela doutora Maria Cecília Gonçalves Rodrigues e ela vai ser investigada por um crime de falso testemunho e falsa perícia", disse.
Para o delegado, o corpo de Fernanda não ter sido encaminhado ao IML, mesmo com tantos profissionais que a atenderam ter mencionado a possibilidade de ima intoxicação exógena, foi uma surpresa e que o fato atrapalhou as investigações.
O diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital, o delegado Antenor Lopes, explicou os motivos que levaram a médica a ser investigada criminalmente.
"O dever legal e profissional era que essa médica [responsável pelo atestado de óbito], obviamente, verificando que aquela morte era suspeita, tinha a obrigação de fazer a comunicação disso para que esse corpo fosse imediatamente removido para o Instituto Médico Legal, para poder sofrer a perícia médica legal correspondente. Quando ela não faz isso, está, na verdade, prejudicando a investigação policial. E isso acabou, realmente, trazendo vários problemas para a investigação", disse.
"A responsabilidade era desta profissional, não do chefe dela, ela era a profissional que estava atendendo ali [a Fernanda] e tinha o dever de fazer comunicações legais a delegacia de polícia sobre uma morte suspeita, nos termos da legislação em vigor. Uma vez o corpo no IML, seria feita a autópsia e, obviamente, isso teria contribuído e muito para a investigação policial. Então como ela não fez isso, e o doutor Flávio acredita que ela faltou com a verdade no depoimento, justamente pra se eximir dessa responsabilidade criminal e administrativa, que ela eventualmente poderá sofrer, ela acabou trazendo inverdades no depoimento", explicou.
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