Coletiva com delegado da 33DP e peritos para a conclusão do inquérito do caso da madrasta que envenenou os enteados. Na Cidade da polícia. Na foto, da esquerda para direita, Flávio Rodrigues (delegado da 33 DP), Antenor Lopes (Dir. do Dpto de Polícia), Dra. Gabriela Graça (Perita) e Leonardo Dias (Dir. do IML do Centro). Cleber Mendes / Agência O Dia

Rio - A Polícia Civil do Rio indiciou Cíntia Mariano Dias Cabral pelo homicídio de Fernanda Carvalho Cabral, de 22 anos, e pela tentativa de homicídio de Bruno Carvalho Cabral, de 16 anos. Os dois eram enteados dela e foram envenenados, de acordo com as investigações. Segundo a 33ª DP (Realengo), ela teria colocado chumbinho na comida dos irmãos no dia 15 de março e 15 de maio, respectivamente. A conclusão do inquérito foi apresentada nesta quinta-feira (7) na Cidade da Polícia.


Em coletiva, o delegado da 33ª DP (Realengo) afirmou que a médica que assinou o atestado de óbito de Fernanda mentiu e poderá ser investigada por isso. 
As investigações tiveram acesso ao celular de Cíntia e uma perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE-RJ) apontou que não foi encontrado conteúdo diretamente ligado ao crime, mas diversas mensagens foram apagadas, o que justifica as últimas pesquisas de Cíntia na internet, que digitou "como apagar mensagens de Whatsapp" nas buscas. Em conversas com os filhos, foi possível perceber a preocupação deles com o comportamento da mãe.

Em um diálogo no WhatsApp no dia 16 de maio, às 12h03, Cíntia fala com seu irmão Wesley sobre o envenenamento de Bruno: "Bruno almoçou aqui e foi envenenado. Uma desgraça tá acontecendo aqui " e Wesley responde: "Mas como assim? Se ele comeu aí, onde ele está?".

Em outra conversa, a filha de Cíntia, Carla Mariano Rodrigues, perguntou se a mãe lembrava de tudo que elas passaram com a separação: "Meu Deus, mãe. Você lembra de tudo que passamos? Na separação de vocês? Como a gente não vai desconfiar de você?". Na conversa, é possível ver várias mensagens que foram enviadas por Carla apagadas.
Em conversa através do Instagram, uma amiga da família relata para Cíntia que Bruno estava no CTI igual a Fernanda. "Cheguei na delegacia, Bruninho tá no CTI igual Fernanda, mesmas coisas, só que ele chegou a ver e contar para tia Jane. Viu coisas azuis no feijão, veneno, disse que a madrasta na hora ficou nervosa, começou a pegar o prato dele, trocar, apagar a luz da cozinha, porque ele sentiu o gosto. Agora, tá no Albert", disse. Em seguida, Cíntia encaminha o print da conversa para seu filho, Lucas Mariano Rodrigues. 

Ela chega a escrever algo para Lucas, mas apaga. "Mãe, você tá me acusando? Você tá vendo as coisas que você está fazendo? Eu sou teu filho cara, pelo amor de Deus!! Assuma suas responsabilidades. Eu tô ficando com vergonha de te olhar. Eu pedi pra você me contar a verdade, cara. Você está acusando as pessoas por coisas que você fez. Acabou, mãe. Acabou! Por favor, não faça isso. Assuma o que você fez. Eu não tô aguentando isso tudo, eu tô passando mal", respondeu Lucas.

O laudo complementar de necropsia realizado no cadáver exumado de Fernanda, irmã de Bruno, atestou que a causa de sua morte foi intoxicação exógena, provocada por envenenamento. Mesmo o exame toxicológico não tenha sido capaz de identificar as substâncias, o documento do Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto (IMLAP) comprova que a eliminação do organismo de chumbinho é rápida.

No laudo de exame complementar de pesquisa indeterminada de substância tóxica em amostra biológica apresentou evidências de compostos carbofurano e terbufós no material gástrico de Bruno. Esse documento comprovou que o pesticida, chumbinho, estava presente no organismo do estudante.