Publicado 11/07/2022 14:55 | Atualizado 11/07/2022 15:31
Rio- O médico anestesista Giovanni Quintella, preso em flagrante por estuprar uma grávida durante uma cesariana, costumava ser ativo nas redes sociais. Ele possuía um perfil profissional e postava fotos com vestimentas das unidades e chegou a publicar um "Vocês ainda vão ouvir falar de mim, esperem".
Giovanni se formou em medicina em 2017 pelo Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA), no Sul Fluminense, mas concluiu a especialização em anestesia apenas em abril deste ano.
O médico demonstrava amor pela profissão. Em 2021, enquanto ainda realizava a especialização, publicou uma foto relatando que sempre sonhou em ser médico anestesista. Em uma das publicações, ele dizia: "Em frente, vou ganhando meu espaço na profissão que escolhi fazer a diferença!".
Na maioria das publicações, Giovanni deixava explícito que gostava do que fazia. "Sempre de cabeça erguida e sorriso. Porque faço o que eu gosto. E hj estou aqui, colhendo os frutos", dizia outra postagem.
Neste domingo (10), antes da prisão, ele publicou uma foto em com o uniforme da unidade com a legenda: 'Lookinho de domingo'. Já no story do Instagram postou uma imagem em que aparece com o pé para o alto com a localização do Hospital da Mulher Heloneida Studart (HMulher), em São João de Meriti, onde ocorreu o crime.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES) o médico não é servidor do estado. Ele tem título de especialista em anestesiologia, CRM regular e prestava serviço há seis meses como pessoa jurídica para os hospitais estaduais da Mãe, da Mulher e Getúlio Vargas. As unidades estão em contato com a Polícia Civil para colaborar com as investigações.
A direção do HMulher abriu uma sindicância interna para tomar as medidas administrativas e notificou o Cremerj. A equipe da unidade está prestando todo apoio à vítima e à sua família.
Suspeitas
O crime só foi descoberto após uma equipe de enfermagem estranhar o comportamento do médico na unidade durante os procedimentos cirúrgicos e decidir gravar a atuação do médico durante uma cirurgia.
O DIA teve acesso a essas imagens que mostram o momento da cirurgia, em que um pano impede que outros profissionais vejam o anestesista manuseando a cabeça da vítima para frente e para trás após introduzir o pênis na boca da gestante. Em certos momentos ele olha ao redor para verificar que ninguém está olhando e continua o ato, até finalizar e limpar a paciente com um pano para esconder os vestígios do crime. Depois ele joga os papéis no lixo e age naturalmente.
Nos depoimentos, as testemunhas informaram que o registro foi gravado do celular de um dos integrantes da equipe de enfermagem que estava de plantão neste domingo (10). Eles posicionaram o celular dentro de um armário no centro cirúrgico que tinha uma porta de vidro escura e estava de frente para o suspeito e assim conseguiram gravar toda a ação.
Ainda segundo os enfermeiros, as suspeitas foram aumentando devido ao excesso de sedação e a tentativa do anestesista de dificultar a visão dos outros médicos e de outras pessoas no centro cirúrgico de parte do corpo da vítima, especificamente do rosto, que era de onde ele atuava. Além disso, a equipe observou que ele costumava usar um jaleco muito grande, comprido, o que não é muito comum.
Procurada, a defesa de Giovanni alega que ainda não obteve acesso na íntegra aos depoimentos e elementos de provas que foram produzidos durante o auto da prisão em flagrante. A defesa informou ainda que após ter acesso a sua integralidade, se manifestará sobre a acusação realizada em desfavor do anestesista.
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