Jadir Moraes de Oliveira (pai) estive no IML do Centro para reconhecimento e liberação do corpo de Jarbas de Oliveira, que foi morto pelo PM Wagner Silva do Carmo, ao apartar uma briga entre o ex-casal por ciúmes. Centro, Rio de Janeiro.Vanessa Ataliba/O DIa
Publicado 18/07/2022 12:55
Rio - "Meu filho pediu para não morrer e o cara matou meu filho", disse, sob forte comoção Jadir de Oliveira, pai de Jarbas de Oliveira, de 25 anos, durante a liberação do corpo no Instituto Médico Legal (IML), na manhã desta segunda-feira (18). O homem foi morto na noite deste domingo (17), por um policial militar, identificado como Wagner Silva do Carmo, após agredir a ex-mulher e um amigo dela em um bar em Senador Camará, na Zona Oeste.

De acordo com Jadir, na noite do ocorrido, o filho havia acabado de sair da igreja quando recebeu uma mensagem no celular, vinda de um amigo, que sem saber do término, perguntou se o casal haviam se separado. Após isso, informou a Jarbas que que Luiza Quelen, de 26 anos, estava em bar com outra pessoa.

Motivado por uma crise de ciúme, Jarbas foi até o local e passou a agredir a ex-esposa, o acompanhante dela, a ex-cunhada e até mesmo o próprio amigo. Luiza e Jarbas se separaram há cerca de um mês e possuem um filho de quatro anos juntos.

Jadir disse ter conversado com Luiza e que ela teria afirmado que o filho deu um soco nela, mas parou a agressão e se rendeu quando o policial chegou no local. Ele ainda lamentou pela perda do filho tão precocemente.

"Segundo o que minha nora falou, ele brigou com o rapaz que estava lá com ela, deu um soco nela e na irmã dela e aí quando esse PM, que estava no bar bebendo, surgiu, meu filho levantou a mão, ou seja, meu filho pediu para não morrer e o cara matou meu filho. Ele tinha 25 anos, era trabalhador, era uma ótima pessoa. Agora ele é mais um no número, infelizmente. Era meu filho único", disse o pai, sob forte emoção.

Em seu relato, Jadir conta que o filho reagiu bem a separação, mas acabou ficando nervoso em diversos momentos por conta dos ciúmes que sentia. Para ele, o sentimento do filho não era amor, mas sim uma "paixão doentia".

"Meu filho não tinha amor próprio, ele não amava ela, ele tinha uma paixão doentia, se não ele conservaria o amor próprio. Muito ciúme fez ele perder o amor próprio e o respeito por ele", comentou.

E ainda completa, afirmando que já no bar, ainda durante a noite, o dono do estabelecimento o procurou e relatou que seu filho não havia feito nada contra o policial que o baleou.

"O dono do bar, ontem, falou pra mim 'eu não posso ficar a favor de ninguém, mas acho que seu filho, seu filho não arrumou briga com ele [com o PM], ele arrumou briga com a ex-esposa dele, com a cunhada e o policial foi e se meteu", contou.

Jarbas foi morto por um policial militar que estava de folga e tentou apartar a briga. Para a polícia, o PM contou que reagiu a uma tentativa de agressão. Foi o próprio PM quem acionou o Corpo de Bombeiros e a polícia.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, agentes foram acionados às 23h22 para uma ocorrência na Rua Aguinaldo Rocha, mas, de acordo com eles, ao chegarem ao local, o baleado já havia sido atendido pelo Samu. Ele morreu no local.

Segundo a Polícia Militar, o agente foi preso preventivamente e sua arma foi apreendida. A 2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) apura o fato. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o caso.

A Polícia Civil informou que um inquérito foi instaurado para apurar as circunstâncias da morte de Jarbas Montenegro de Oliveira. A perícia foi realizada no local e diligências estão em andamento para esclarecer todos os fatos.
O velório de Jarbas de Oliveira será realizado nesta terça-feira (19), às 11h, cemitério de Realengo, também conhecido como Murundu, em Padre Miguel, na Zona Oeste.
Luiza Quelen foi procurada, mas preferiu não se pronunciar até a publicação desta matéria.
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