Estado do local em que os três eram mantidos em cárcere privadoDivulgação
Publicado 29/07/2022 20:03 | Atualizado 29/07/2022 20:21
Rio - A Corregedoria-Geral de Polícia Civil instaurou um procedimento, nesta sexta-feira (29), para apurar o motivo das autoridades públicas não terem avançado na investigação a respeito de uma denúncia feita em 2020 referente à mãe e os dois filhos mantidos em cárcere privado por 17 anos em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio.
Segundo a polícia, as investigações tiveram início há dois anos, quando o caso foi registrado na 43ª DP (Guaratiba). Na sequência, foi encaminhado à 36ª DP (Santa Cruz) para apuração dos fatos O inquérito foi enviado três vezes ao Ministério Público para providências. A última vez que retornou foi em maio deste ano
Neste momento, as investigações estão em andamento na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Campo Grande. A especializada informou que medidas protetivas para as vítimas foram solicitadas junto à Justiça, que aceitou o pedido.
Mãe e filhos estão internados, desde quinta-feira (28), quando foram resgatados, no Hospital Municipal Rocha Faria, também em Campo Grande. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), eles apresentam quadro de desidratação e desnutrição grave, porém já foram estabilizados. Além disso, ambos estão recebendo acompanhamento dos serviços social e de saúde mental. 
Relembre o caso
Policiais Militares do 27º BPM (Santa Cruz) libertaram, na manhã de quinta-feira (28), uma mulher e dois jovens que estariam vivendo em cárcere privado há 17 anos. As vítimas foram localizadas em uma residência na Rua Leonel Rocha, em Guaratiba, a partir de denúncia anônima.
Segundo os agentes, os jovens seriam filhos da mulher e do suspeito, preso e ainda não identificado, de mantê-los em cárcere privado. Os dois estavam amarrados, sujos e subnutridos e o local onde estavam era complemente insalubre.
A casa é pequena, com pouca luminosidade e condições deploráveis, com acúmulo de lixo, fezes no chão, colchões rasgados e muita sujeira nas paredes. Os jovens eram mantidos com os pés amarrados e por causa do nível de desnutrição aparentavam ser crianças. O rapaz, de 19 anos, e a moça, de 22, têm transtornos mentais. Os três estavam muito debilitados quando os policiais chegaram e foram imediatamente encaminhados ao Hospital Municipal Rocha Faria.
"A mãe falou que eles nunca tinham visto a luz do dia", afirmou o capitão William Oliveira, do 27º BPM. "Quando me deparei com a situação, imaginei que fossem crianças, pela compleição física. Eles estavam amarrados quando chegamos", explicou.
A mulher resgatada, que devia ter por volta dos 40 anos, estava visivelmente apavorada quando foi resgatada. "Ela não respondeu muito. Perguntei se ela queria uma água, se estava com fome, se queria algo e ela só me respondeu 'mas ele não deixa eles comerem'", disse o capitão.
Ainda segundo o capitão, o preso não apresentava nenhum tipo de remorso, arrependimento ou qualquer sentimento similar. “Ele só falava que era apenas trabalhador e que estávamos fazendo uma injustiça”, explicou.
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