Publicado 13/09/2022 12:16
Rio- Um jovem, identificado como Vanderson Gomes, 20 anos, foi morto durante uma ação da Polícia Militar na comunidade Beira Rio, na Pavuna, Zona Norte do Rio, na tarde desta segunda-feira (12). A PM alega que houve confronto na região e considera a vítima como um suspeito, pois afirma ter aprendido com ele uma pistola calibre 40, dez munições e drogas. Já a família, que esteve no Instituto Médico Legal (IML) do Centro, na manhã desta terça (13), nega todas as acusações. Em protesto, amigos e moradores da comunidade realizaram manifestações na Via Dutra, na altura do Jardim América, na noite de segunda (12) e na manhã desta terça (13).
Em nota, a Polícia Militar informou que equipes do 41º BPM (Irajá) realizavam policiamento na Avenida Coronel Phidias Távora, na Pavuna, nesta segunda-feira (12), quando criminosos armados atiraram contra os agentes. “Houve confronto e um suspeito foi atingido, sendo socorrido ao Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes”, informou o comunicado da corporação.
No entanto, a tia de Vanderson, Daiana Azzor, de 34 anos, que também esteve no IML, informou que o sobrinho era inocente e que trabalhava como ambulante. Ela disse ainda que PMs atiraram enquanto ele estava lanchando na comunidade logo após sair do trabalho.
“Ele era um garoto maravilhoso, exemplar, tinha uma vida pela frente, ele trabalhava, queria tirar a mãe da comunidade. Ele era ambulante, vendia castanha e doces, ontem teve uma operação por volta das 16h e os PMs se esconderam dentro de uma igreja e enquanto Vanderson estava sentado comendo dois pães com guarita, eles dispararam dois tiros na barriga dele. O que nos deixa mais tristes é que ele não era traficante, a gente não tá reivindicando traficante, ele era um homem trabalhador. Ele estudava, ia se formar no segundo ano do ensino médio amanhã, estava tudo certo, ia tirar fotos amanhã e acabou. Queremos respostas!”, disse.
Daiana também reclamou dos horários que a Polícia Militar entra nas comunidades e reforçou que nas favelas há famílias, trabalhadores e gente do bem. Ela relatou ainda que a versão da polícia é falsa e afirmou que a família não vai deixar que manchem a imagem do seu sobrinho.
"Eles entram na comunidade em horários impróprios, na hora em que as crianças estão chegando do colégio, morador saindo para trabalhar. Mês passado um morador foi baleado e ficou internado, semana retrasada uma moradora chegando do trabalho foi atingida na coxa. Eles acham que a gente mora na comunidade porque quer, mas não é. A gente mora lá por falta de opção. Ele era meu sobrinho e isso tem que acabar. A família está revoltada, não tem condições de fazer sepultamento, estamos pedindo ajuda. Cadê a arma e a droga que eles tinham que ter apresentado?”, questionou.
Emocionada, Daiana garantiu que a família vai lutar para provar a inocência de Vanderson.
Em nota, a Polícia Militar informou que equipes do 41º BPM (Irajá) realizavam policiamento na Avenida Coronel Phidias Távora, na Pavuna, nesta segunda-feira (12), quando criminosos armados atiraram contra os agentes. “Houve confronto e um suspeito foi atingido, sendo socorrido ao Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes”, informou o comunicado da corporação.
No entanto, a tia de Vanderson, Daiana Azzor, de 34 anos, que também esteve no IML, informou que o sobrinho era inocente e que trabalhava como ambulante. Ela disse ainda que PMs atiraram enquanto ele estava lanchando na comunidade logo após sair do trabalho.
“Ele era um garoto maravilhoso, exemplar, tinha uma vida pela frente, ele trabalhava, queria tirar a mãe da comunidade. Ele era ambulante, vendia castanha e doces, ontem teve uma operação por volta das 16h e os PMs se esconderam dentro de uma igreja e enquanto Vanderson estava sentado comendo dois pães com guarita, eles dispararam dois tiros na barriga dele. O que nos deixa mais tristes é que ele não era traficante, a gente não tá reivindicando traficante, ele era um homem trabalhador. Ele estudava, ia se formar no segundo ano do ensino médio amanhã, estava tudo certo, ia tirar fotos amanhã e acabou. Queremos respostas!”, disse.
Daiana também reclamou dos horários que a Polícia Militar entra nas comunidades e reforçou que nas favelas há famílias, trabalhadores e gente do bem. Ela relatou ainda que a versão da polícia é falsa e afirmou que a família não vai deixar que manchem a imagem do seu sobrinho.
"Eles entram na comunidade em horários impróprios, na hora em que as crianças estão chegando do colégio, morador saindo para trabalhar. Mês passado um morador foi baleado e ficou internado, semana retrasada uma moradora chegando do trabalho foi atingida na coxa. Eles acham que a gente mora na comunidade porque quer, mas não é. A gente mora lá por falta de opção. Ele era meu sobrinho e isso tem que acabar. A família está revoltada, não tem condições de fazer sepultamento, estamos pedindo ajuda. Cadê a arma e a droga que eles tinham que ter apresentado?”, questionou.
Emocionada, Daiana garantiu que a família vai lutar para provar a inocência de Vanderson.
"Meu sobrinho não é criminoso, ele era um garoto como qualquer um, brincava e se divertia, tiraram a vida dele brutalmente. Ele era um garoto novo, de 20 anos, que tinha uma vida pela frente, que tinha sonhos. Um menino que tinha uma frequência ótima na escola. A polícia afirmou que com ele foi encontrado arma, munições e drogas. Isso é mentira, é revoltante! Eles tiraram a vida de um inocente, destruíram uma família, estão tentando acabar com a imagem dele, mas a família não vai permitir isso", afirmou.
A tia do jovem enviou para O DIA a nota publicada por uma das professoras dele nas redes sociais.
"Ao Querido Aluno Vanderson. Você, meu garoto alegre, educado, brincalhão, sempre pronto a conversar e fazer amigos. Teve uma vida de sacrifícios, mas nunca isso foi motivo para que se revoltasse e fosse levado para caminhos errados. Você era puro, como seus colegas já falaram. Nós gostávamos muito de você. Você foi tirado de nós de forma tão desumana que fica difícil aceitar. Você vai deixar muitos amigos, sua família muito triste. Peço a Deus que o receba com carinho e nos dê forças para superar essa perda. Esperamos que seu espírito esteja conformado para que possa acalmar a nós aqui. Vá em paz, meu menino. Estamos aqui orando por você, por sua família e amigos”.
A irmã de Vanderson, Beatriz Gomes Furtado, também esteve no IML e, aos prantos, pediu por justiça e disse que o irmão trabalhava desde pequeno para ajudar a sustentar a família.
"Meu irmão era um filho, um tio, um estudante, um amigo, uma pessoa incrível. A gente não entende como isso aconteceu, ele era trabalhador, todos do Jardim América que conhecem ele sabe. Ele já trabalhava vendendo bala desde os nove anos. A nossa família não tinha condição, desde pequeno a gente saía para vender doce, para ajudar nossa mãe, meu irmão nunca se misturou com tráfico de drogas", disse.
Beatriz ainda fez uma dura crítica ao sistema e disse que a ação da PM foi uma covardia.
"Quem mora dentro da favela não é bandido, a gente mora lá porque não temos condições de morar em outro lugar. A gente vive em um estado onde matam as pessoas e ninguém faz nada. Eu quero justiça pelo meu irmão. Ele estava lanchando antes de ser morto, era um horário que eu estava vindo da escola buscar meu filho, poderia ser uma criança, poderia ser meu marido. Todo mundo senta ali para tomar café na rotina da comunidade, podia ser qualquer um. Estão tentando destruir a imagem do meu irmão, mas ele não tinha envolvimento com o tráfico", lamentou.
"Meu irmão era um filho, um tio, um estudante, um amigo, uma pessoa incrível. A gente não entende como isso aconteceu, ele era trabalhador, todos do Jardim América que conhecem ele sabe. Ele já trabalhava vendendo bala desde os nove anos. A nossa família não tinha condição, desde pequeno a gente saía para vender doce, para ajudar nossa mãe, meu irmão nunca se misturou com tráfico de drogas", disse.
Beatriz ainda fez uma dura crítica ao sistema e disse que a ação da PM foi uma covardia.
"Quem mora dentro da favela não é bandido, a gente mora lá porque não temos condições de morar em outro lugar. A gente vive em um estado onde matam as pessoas e ninguém faz nada. Eu quero justiça pelo meu irmão. Ele estava lanchando antes de ser morto, era um horário que eu estava vindo da escola buscar meu filho, poderia ser uma criança, poderia ser meu marido. Todo mundo senta ali para tomar café na rotina da comunidade, podia ser qualquer um. Estão tentando destruir a imagem do meu irmão, mas ele não tinha envolvimento com o tráfico", lamentou.
Procurada, a Polícia Civil não respondeu se investiga o caso.
Manifestações
Familiares e amigos de Vanderson iniciaram as manifestações na noite desta segunda (12). Na ocasião, um trecho da Rodovia Presidente Dutra (BR-116), na altura do Km 163 foi interditado. Aproximadamente 60 manifestantes colocaram pedaços de madeira e atearam fogo para protestar, na altura do Jardim América.
Familiares e amigos de Vanderson iniciaram as manifestações na noite desta segunda (12). Na ocasião, um trecho da Rodovia Presidente Dutra (BR-116), na altura do Km 163 foi interditado. Aproximadamente 60 manifestantes colocaram pedaços de madeira e atearam fogo para protestar, na altura do Jardim América.
Na manhã desta terça (13) a pista lateral da Dutra foi fechada, no sentido SP, na altura de Irajá. Com reflexos na Avenida. Brasil, na altura do Trevo das Margaridas. Os manifestantes utilizaram a mesma estratégia e colocaram fogo em lixos no meio da rodovia. No entanto, equipes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) atuaram no local para a liberação da via.
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