Publicado 04/10/2022 12:51 | Atualizado 04/10/2022 20:39
Rio - Símbolo da luta contra a covid-19 no Rio de Janeiro, o taxista Márcio Antônio do Nascimento Silva, de 58 anos, morreu nesta segunda-feira (3). O homem ficou conhecido por ter recolocado cruzes em homenagem às vítimas do novo coronavírus, entre elas seu filho de 25 anos, que haviam sido derrubadas por um homem durante um ato da ONG Rio de Paz, na Praia de Copacabana, em 11 de outubro de 2020. À época, o estado havia registrado 225 mortos pela doença. Até ontem, foram contabilizadas 75.728 vidas perdidas.
O taxista estava internado no Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, devido a problemas cardíacos. O sepultamento de Márcio Antônio aconteceu nesta terça-feira (4), às 16h15, no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio. Nas redes sociais, o presidente da Rio de Paz, Antônio Costa, lamentou a morte.
"Tenho triste notícia a dar ao povo brasileiro, acabamos de ser informados da morte aos 58 anos do Márcio Antônio, esse herói da democracia, que soube defender bravamente o direito à vida e à liberdade de expressão", escreveu o presidente. "Esteja na paz, amigo. Você combateu o bom combate e agora está ao lado de seu filho por quem tanto lutou. Aos familiares e amigos nossos mais sinceros sentimentos", completou uma nota na ONG.
Durante a despedida no cemitério, a Rio de Paz levou uma bandeira do Brasil e uma cruz semelhante à que ele recolocou na praia. Nesta quarta-feira (5), às 10h, haverá um ato em frente ao Copacabana Palace, com a presença de familiares de Márcio, onde será reproduzida a cena do taxista levantando o objeto derrubado. Também será estendida uma faixa com a frase "Em memória de Márcio Antônio do Nascimento Silva, pai de vítima da Covid, que defendeu bravamente o direita à vida e a liberdade de expressão. Exigiu e não teve do poder público o combate eficaz da pandemia".
Márcio Antônio perdeu o filho Hugo Dutra do Nascimento Silva, em 18 de abril de 2020. O jovem não tinha comorbidades, mas não resistiu às complicação da covid-19, após ficar internado no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, referência no tratamento da doença na capital, à época. "Minha atitude é a dor que está contida aqui dentro e as pessoas não respeitam a dor dos familiares que perderam um parente", disse ele na ocasião.
Pouco mais de um ano depois da morte do filho, o taxista prestou depoimento na CPI da Covid do Senado, em um dia dedicado a ouvir familiares de vítimas da doença. Emocionado, Márcio narrou os últimos dias de vida de Hugo, quando ele começou a sentir cansaço e falta de ar. Ele disse ter acompanhado o jovem no hospital até o falecimento e lembrou com pesar do dia em que teve de reconhecer o corpo. "A última vez que o vi, ele estava dentro de um saco".
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.