Publicado 26/10/2022 20:01 | Atualizado 26/10/2022 20:06
Rio - Familiares do motorista de caminhão Jean Lucas Lozeira, de 35 anos, assassinado com 15 tiros de fuzil na madrugada desta quarta-feira (26), na Avenida Brasil, na altura do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, foram ao Instituto Médico Legal (IML), nesta tarde, para liberar o corpo. Parentes questionaram a ausência de segurança pública e da brutalidade do crime.
Ao DIA, o primo da vítima, Rodrigo Benjamim, disse que Jean deixou dois filhos e que nada justificava a maneira como mataram seu primo. "Está muito difícil viver no Rio de Janeiro. Ele não foi o primeiro, muitos caminhoneiros já morreram, ele é mais uma vítima. O corpo dele estava a alguns metros de distância do caminhão, a gente está muito chocado com a brutalidade do crime", desabafou.
"A gente não sabe o que ocorreu. Meus primos foram ao local para ver o que aconteceu. Ceifaram a vida dele com 15 tiros de fuzil, não foi tiro de pistola, para deixar bem claro. Estamos impactados com isso, não tinha justificativa. Saiu cedo para evitar o trânsito, deu um abraço e um beijo na mulher, falou que já voltava e infelizmente ele não vai voltar. Ele deixou dois filhos, um tem sete anos e o outro ainda vai fazer dois anos", afirmou Rodrigo.
De acordo com Júlio Cesar Benjamim, tio do caminhoneiro, Jean tinha um sonho de construir uma casa para morar com os filhos, e que o caminhão, comprado com a ajuda dos pais de Jean, era a única fonte de renda dele.
"Meu sobrinho era um doce de garoto, maravilhoso, trabalhador. Não tenho palavras para descrever esse momento, ele nunca deu um problema, só trabalhava para construir a casa dele que infelizmente ele não vai poder morar com os filhos dele. Ele tinha o sonho de terminar a casa dele, para poder morar em uma casa dele, já que vivia de aluguel. Esse era o sonho dele momentâneo, obvio que viriam outros, mas ele trabalhava muito para isso, mas, infelizmente ele não conseguirá realizá-lo", lamentou Júlio.
Nas redes sociais, amigos prestaram homenagens e lamentaram a morte de Jean. Caminhoneiros realizaram, nesta quarta, um ato em homenagem ao jovem. Motoristas de caminhão seguiram buzinando pela Avenida Brasil, com faixas penduradas nos veículos com o nome da vítima. "Paz. Jean. Saudades", pede uma delas. "Descanse em paz, Jean Lucas", diz outra.
"Com muito pesar que recebi esta notícia. Estou sem palavras para tanta crueldade, tiraram a vida de um menino, pai de família, amigo e trabalhador cheio de sonhos. Não há palavras que consigam expressar a dor que sentimos, e a falta que já nos faz. A nossa classe de caminhoneiros perdeu um profissional estradeiro, você não merecia que tudo terminasse dessa forma. Que a justiça de Deus seja feita", escreveu um de seus companheiros de profissão.
Jean transportava carga de uma empresa estrangeira de navegação. De acordo com relatos nas redes sociais, o condutor é morador de Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio, mas estava levando uma carga de Resende, no Sul Fluminense, para o porto Rio. Enquanto o veículo ainda não era retirado da via, pessoas invadiram a cabine e furtaram peças. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o caso.
Segundo a Polícia Militar, agentes do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) estavam em patrulhamento quando foram acionados para verificar ocorrência na pista sentido Centro da Avenida Brasil. No local, o caminhão já estava colidido na mureta divisória da via e uma equipe do Corpo de Bombeiros que também havia sido acionada. Não houve prisões ou apreensões.
Segundo o Corpo de Bombeiros, os militares foram acionados às 5h31, mas ao chegarem, Jean estava caído no chão, distante do veículo e já sem vida. O caminhão que ele dirigia ficou na via até por volta de 12h. Relatos de testemunhas afirmaram que a carreta ficou com várias perfurações por conta dos tiros e a lateral do veículo com marcas de sangue.
O local do enterro de Jean será no Cemitério São Francisco Xavier, em Itaguaí, mas ainda está sem hora definida.
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