O agente Bruno Vanzan trocou tiro com criminososRede Social
Publicado 28/10/2022 15:10
Rio - O menino Lorenzo Dias Palhinhas, de 14 anos, morto em uma operação realizada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na noite desta quinta-feira (27) no Complexo do Chapadão, na Zona Norte do Rio, fazia parte do tráfico de drogas da região, segundo o porta-voz da PRF no Rio, Marcos Aguiar. A informação foi repassada à imprensa em coletiva realizada na manhã desta sexta-feira (28). Família do jovem contesta a versão.
Segundo o chefe de comunicação da PRF, o menino morreu após atirar contra os policiais, o que gerou um confronto. Os agentes procuravam pela região os culpados pela morte do companheiro de farda, Bruno Vanzan Nunes, de 41 anos, ocorrida depois de uma tentativa de assalto, também na quinta-feira (27), em Magalhães Bastos, na Zona Oeste do Rio.
"O Lorenzo revidou a ação policial, o que obrigou a repelir essa injusta agressão. Até então, isso está sendo levantado pela perícia. Nas redes sociais dele, ele tem um envolvimento com o tráfico do Complexo do Chapadão. É o que foi levantado. A única alternativa por parte dos policiais foi reprimir essa injusta agressão. O local é extremamente conflagrado e de difícil acesso e obrigou os policiais a fazerem a volta em todo o Complexo para prestar socorro a essa vítima. Quando chegaram, já estava sem vida", explicou.
De acordo com Aguiar, o objetivo da ação no Chapadão era prender os acusados de matar Bruno Vanzan. Primeiro, os agentes receberam uma informação que os suspeitos fugiram para a Vila Kennedy, na Zona Oeste.
Posteriormente, uma denúncia chegou para os policiais dizendo que o "tribunal do tráfico" do Chapadão havia matado o responsável pelo crime e outro envolvido estava prestes a ser executado. Por isso, uma operação foi montada para encontrar os culpados, conforme apontou o chefe de comunicação da PRF.
"A PRF, de posse dessas informações, se deslocou imediatamente da Vila Kennedy para o Chapadão, onde foi recebida a tiros por elementos fortemente armados com fuzis. Cerca de 30 deles. Dentro desse confronto, foi possível apreender alguns itens como drogas e armamentos. As nossas equipes quando chegaram foram realmente retalhadas a tiros. Nesse confronto, dois menores foram presos. Um deles com mandado de busca e apreensão. Outro, de 14 anos, infelizmente veio a óbito, que é o Lorenzo", completou.
A informação que o suspeito teria sido morto pelo tráfico não foi comprovada pela PRF. 
Tentativa de assalto
De acordo com a PRF, por volta das 14h35, Bruno Vanzan Nunes, de 41 anos, foi alvo de uma tentativa de assalto, na via Transolímpica, próximo à Vila Militar, na Zona Oeste, por quatro criminosos que estavam em um veículo modelo Nissan Kicks. A vítima foi perseguida pelos homens que atiraram até que ela caísse de um viaduto. A poucos metros do local do crime, uma equipe da Polícia Militar realizou uma perseguição com troca de tiros a um carro modelo Kia Cerato, que vinha da Vila Kennedy. Segundo a instituição, os dois automóveis estavam envolvidos na morte de Bruno Vanzan.
Um vídeo de uma câmera de mostra o exato momento do assalto. Os veículos pararam na frente do carro do agente. Na imagem, dá para ver o policial saindo do seu carro e cruzando a via.
Equipes da PRF estiveram na Vila Kennedy na tarde de quinta-feira para tentar prender os assaltantes e encontraram o veículo Kia Cerato. Os agentes continuaram vasculhando a região, mas nenhum suspeito foi localizado. Na comunidade, foram recuperadas duas motocicletas com registro de roubo/furto. À noite, os policiais seguiram para o Complexo do Chapadão, após receberem informações do Disque Denúncia de que cerca de dez criminosos armados com fuzis estariam ateando fogo no carro Nissan Kicks no local.
Na manhã desta sexta-feira (28), familiares e colegas da PRF estiveram no Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio, para liberar o corpo de Bruno. Abalados, os parentes não quiseram falar com a imprensa e deixaram local por volta das 11h. O policial ingressou na instituição em 2004 e era lotado na 7ª Delegacia, em Resende, no Sul Fluminense. Ele deixa esposa e dois filhos. O velório da vítima acontece às 13h e sepultamento às 16h30, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap.
Trabalhador
Moradores do Chapadão afirmam que Lorenzo Palhinhas foi baleado na cabeça, quando trabalhava na entrega de lanches. "Esses caras mal chegaram na favela e já 'faz' desgraça, PRF mata uma criança de 14 anos atingida na cabeça, estava trabalhando, no Complexo do Chapadão, 'nois' moradores pedimos paz e justiça por esse jovem", afirmou uma pessoa.
"Mais uma família que se encontra desesperada e inconformada com tanta covardia, parece até que esses 'polícia' não tem filhos ou família, como pode eles 'entra' na comunidade uma hora dessa e mata uma criança sem mais nem menos, aonde isso vai 'para'", lamentou outra. Após a morte, houve uma manifestação na comunidade. Nesta sexta-feira (28), protestantes também realizaram um ato.
Fernando Francisco Palhinhas, avô do menino, contesta a versão da PRF sobre o assunto. O homem também esteve no IML nesta sexta-feira (28) para liberar o corpo do neto. Segundo Fernando, Lorenzo estava voltando de uma entrega quando foi abordado por policiais. Os agentes então teriam o revistado e depois atirado contra o jovem.
"Meu neto fazia entrega há cinco meses para ajudar a mãe. Foi muito triste. Atiraram nele. Não tinha vício, não bebia. O negócio dele era trabalhar e tinha o sonho de comprar uma moto para trabalhar com entrega. Quando ele caiu, estava com 10 reais na mão. Era o troco do lanche. Minha filha está muito abalada.
Lorenzo era uma criança muito família e muito querido. Um menino do bem e não tinha envolvimento nenhum", contou o avô.
Ainda não há informações sobre o sepultamento de Lorenzo. 
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