Lorenzo, de 14 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu ainda no Complexo do ChapadãoReprodução/Redes Sociais

Rio - Um adolescente de 14 anos morreu, na noite desta quinta-feira (27), após ser baleado durante uma operação no Complexo do Chapadão, entre os bairros de Costa Barros, Pavuna, Anchieta, Guadalupe e Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte do Rio. A ação foi realizada para localizar os suspeitos da morte do agente da Polícia Rodoviária Federal, Bruno Vanzan Nunes, de 41 anos. Segundo a PRF, equipes foram recebidas a tiros por criminosos da região e houve confronto. Dois menores também acabaram apreendidos.
Segundo a PRF, os agentes conseguiram "neutralizar" o adolescente que atirou contra a viatura dos agentes. Os outros dois adolescentes, ainda de acordo com a instituição, declararam que pertenciam ao tráfico de drogas do Chapadão e que os três estavam de "plantão" no comércio da boca de fumo e na contenção da comunidade. Na ocasião, foram apreendidos uma pistola 380 com dois carregadores e 23 munições; uma pistola Taurus 9mm com 5 carregadores, sendo um deles estendido e 45 munições; um carregador de fuzil 556; 600 papelotes de crack; 622 pinos de cocaína; 149 frascos de lança/loló e 425 tabletes de maconha. 

Entretanto, moradores afirmam que o menino, identificado apenas como Lorenzo, foi baleado na cabeça, quando trabalhava na entrega de lanches. "Esses caras mal chegaram na favela e já 'faz' desgraça, PRF mata uma criança de 12 anos atingida na cabeça, estava trabalhando, no Complexo do Chapadao, 'nois' moradores pedimos paz e justiça por esse jovem", afirmou uma pessoa. "Mais uma família que se encontra desesperada e inconformada com tanta covardia, parece até que esses 'polícia' não tem filhos ou familia, como pode eles 'entra' na comunidade uma hora dessa e mata uma criança sem mais nem menos, aonde isso vai 'para'", lamentou outra. Após a morte, houve uma manifestação na comunidade.
De acordo com a PRF, por volta das 14h35, o agente foi alvo de uma tentativa de assalto, na via Transolímpica, próximo à Vila Militar, na Zona Oeste, por quatro criminosos que estavam em um veículo modelo Nissan Kicks. A vítima foi perseguida pelos homens que atiraram até que ela caísse de um viaduto. A poucos metros do local do crime, uma equipe da Polícia Militar realizou uma perseguição com troca de tiros a um carro modelo Kia Cerato, que vinha da Vila Kennedy. Segundo a instituição, os dois automóveis estavam envolvidos na morte de Bruno Vanzan. 
Equipes da PRF estiveram na Vila Kennedy na tarde de quinta-feira para tentar prender os assaltantes e encontraram o veículo Kia Cerato. Os agentes continuaram vasculhando a região, mas nenhum suspeito foi localizado. Na comunidade, foram recuperadas duas motocicletas com registro de roubo/furto. À noite, os policiais seguiram para o Complexo do Chapadão, após receberem informações do Disque Denúncia de que cerca de dez criminosos armados com fuzis estariam ateando fogo no carro Nissan Kicks no local. 
Ainda de acordo com a Polícia Rodoviária Federal, informações de agências de Inteligência também apontaram que um dos envolvidos na morte do agente havia sido morto pelo tráfico de drogas do Chapadão e que outro estava amarrado, aguardando o término de uma reunião da cúpula do Comando Vermelho, facção que controla a região, para decidir o que seria feito com ele. Ao chegarem, os policiais foram recebidos a tiros por aproximadamento 30 criminosos. 
Durante a troca de tiros, Lorenzo acabou sendo baleado e morto. Com os outros dois adolescentes apreendidos, as equipes encontraram duas pistolas e drogas. A ocorrência foi encaminhada para a 27ª DP (Vicente de Carvalho). Segundo a Polícia Civil, a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) instaurou inquérito para apurar a morte de um adolescente de 14 anos. "Investigações estão em andamento para esclarecer as circunstâncias do fato".

Em nota, a Polícia Militar informou que não realizou operação no Complexo do Chapadão na quinta-feira e que não houve ocorrência a cargo da corporação envolvendo adolescente ferido. A corporação afirmou que equipes do 41º BPM foram deslocadas para reforçar o policiamento no entorno da comunidade, por conta das movimentações de possíveis manifestações no local. Nesta sexta-feira (28), não há operação da PM, mas o policiamento ostensivo está atuando na região. Não há registro de novas ocorrências. 
Na manhã desta sexta-feira, familiares e colegas da PRF estiveram no Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio, para liberar o corpo de Bruno. Abalados, os parentes não quiseram falar com a imprensa e deixaram local por volta das 11h. O policial ingressou na instituição em 2004 e era lotado na 7ª Delegacia, em Resende, no Sul Fluminense. Ele deixa esposa e dois filhos. O velório da vítima acontece às 13h e sepultamento às 16h30, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap.