Publicado 04/11/2022 19:15 | Atualizado 04/11/2022 20:58
Rio - O Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) extinguiu, nesta quarta-feira (2), a ação de reintegração de posse que Sabine Boghici movia contra a mãe, Geneviève Boghici, de 82 anos, para ter acesso a um apartamento deixado de herança pelo patriarca da família, o colecionador Jean Boghici. A filha foi presa em agosto por aplicar um golpe milionário na mãe.
"A ré [Geneviève] informa que a autora [Sabine] está presa e requer a extinção do processo pela perda do objeto, qual seja, a reintegração na posse do imóvel, pois impossível dar efetividade ao ato, caso a liminar seja deferida, e também porque, com a prisão da autora, não há posse mansa e pacifica", relata a decisão da 46ª Vara Cível do Rio.
Por fim, a magistrada também condena Sabine a pagar os honorários advocatícios.
"A presente ação perdeu seu objeto e a autora seu interesse de agir, na medida em que não teria como dar efetividade à posse do bem caso se sagrasse vencedora na lide. Em face do exposto, julgo extinto o processo sem resolução do mérito. Custas pela parte autora. Condeno a autora ao pagamento de honorários advocatícios que fixo em R$ 2 mil", conclui.
Relembre o caso
A Polícia Civil realizou, no dia 10 de agosto, a operação "Sol Poente" para prender integrantes de uma quadrilha que se apresentaram como videntes e roubaram da idosa cerca de R$ 725 milhões entre obras de artes, joias e dinheiro.
A operação ocorreu após Geneviève, viúva de um colecionar e negociador de obras de arte, ter sido enganada pelo grupo que ofereceu tratamento espiritual para sua filha Sabine, em troca de vultuosos pagamentos.
Ao desconfiar que fosse um golpe, a idosa não quis mais pagar os altos valores exigidos e passou a ser mantida em cárcere privado, em seu apartamento na Zona Sul, entre fevereiro de 2020 e abril de 2021, pela própria filha.
Durante o cárcere, a vítima era agredida por Sabine, privada de comida e até chegou a ter uma faca colocada em seu pescoço para realizar a transferência de dinheiro. A viúva descobriu, então, que todo o golpe havia sido articulado pela mulher, que também passou a vender as obras de arte para uma galeria em São Paulo.
Entre as obras levadas para a venda estavam 'O Sono', de Tarsila do Amaral; 'O menino', de Alberto Guignard; 'Mascaradas', de Di Cavalcanti; 'Maquete para o meu espelho'; de Antônio Dias; e 'Elevador Social'; de Rubens Gerchman.
A investigação, realizada pela Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (DEAPTI), intimou o responsável pela galeria em São Paulo, que devolveu os quadros que não haviam sido vendidos, o que fez a idosa reaver cerca de 40% do valor desviado.
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