Publicado 29/11/2022 11:43
Rio - "Estamos debilitados e fracos. Ninguém espera enterrar o filho de 19 anos." As frases são uma parte do relato de José Caetano, pai de Gabriel Caetano Freixo dos Santos, morto depois de uma tentativa de assalto na loja em que trabalhava em Anchieta, na Zona Norte do Rio. O corpo do jovem foi sepultado na manhã desta terça-feira (29) no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio.
A cerimônia contou com a presença de familiares e amigos bastante emocionados, inclusive com a irmã de Gabriel tendo que ser amparada durante o velório. De acordo com José Caetano, pai do jovem, a família está destruída. A moto, alvo dos assaltantes, segundo uma testemunha, era o xodó da vítima, conforme apontou o pai.
"Estamos debilitados e fracos. Ninguém espera enterrar o filho com 19 anos. Ele não era um filho comum. Ele era especial porque tinha talento. Na época do colégio, ele tirava boas notas, tirou carteira de habilitação rápido. Tudo que nós trabalhamos e fizemos foi em prol da vida dele. De repente, por um piscar de olhos, por questão de milésimo de segundo, chega um destruidor de vidas e acabou com a nossa família. Gabriel era uma pessoa íntegra e a moto era o sonho de consumo dele. Seu xodó", disse o pai.
José Caetano revelou que o filho morreu depois de passar a manhã estudando em casa. No dia anterior, o jovem tinha trabalhado em uma obra no estabelecimento. O pai deixou uma mensagem para os criminosos que tiraram a vida de Gabriel: "Ladrão, você que matou o meu filho, aqui é um casal de lutadores, batalhadores. O Gabriel é a réplica e o exemplo nosso. Mas tem um detalhe, você só sabe matar, roubar e destruir. Você venceu", completou.
O jovem foi morto enquanto trabalhava em uma loja de rações da família localizada em Anchieta, na Zona Norte do Rio, que, segundo Ruth dos Santos, mãe do jovem, é o sustento da família.
"Com certeza, ele deve ter reagido aquele assalto porque ele ama a família. Sabe o que é aquilo [loja] ali? É o quartel general dele. A loja é o sustento da nossa família. Ele virava massa e levantou aquele prédio junto com os pais. Sabe para que? Para honrar os pais. Muitas das vezes ele falava assim: 'mãe eu tenho que ir para a loja? Eu quero estudar' e eu falava 'Gabriel, precisamos da sua ajuda e sua força'", lamentou a mãe.
Ruth ainda completou que o jovem queria ser militar e amava a família.
Relembre o caso
O crime aconteceu na manhã de domingo (27) em uma loja de rações na Estrada do Engenho Novo, em Anchieta, Zona Norte do Rio. De acordo com uma testemunha, Gabriel foi vítima de criminosos que tentaram roubar sua motocicleta. Ele estava sozinho no estabelecimento de sua família quando foi abordado por assaltantes. A vítima teria se recusado a entregar o veículo e jogado a chave para dentro da loja. Em seguida, ele foi baleado na cabeça pelos criminosos, que fugiram do local.
"Eles (assaltantes) queriam a moto dele e ele jogou a chave lá no canto (da loja), não deu a chave. Então, eu acho que aquela bagunça foi porque eles começaram a procurar a chave ali e não acharam, aí pegou (atirou contra) ele. Ele era muito simpático, muito gente boa, eles (a família) não tinham inimizade com ninguém, são evangélicos. Eu vi esse menino bebê, porque moro aqui há 30 anos, vi ele e a irmãzinha dele nascerem", lamentou a testemunha, que é enfermeira e acionou a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros.
Ao chegar ao local, a PM e os bombeiros já encontraram o jovem sem vida. A área e a motocicleta, que não foi levada, passaram por perícia da Polícia Civil. O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e diligências estão em andamento para identificar a autoria do crime.
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