Publicado 30/11/2022 18:20
Rio - O mototaxista Marciano da Silva Marques, de 45 anos, suspeito de atirar contra o rosto de uma mulher trans foi preso na tarde desta quarta-feira (30), na comunidade da Caroba, em Santa Luzia, São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio. Segundo a Polícia Civil, o homem cometeu o crime há uma semana, na Praça São João, em Niterói, motivado por transfobia e intolerância religiosa, já que a vítima, Nycolle Dellveck, 26 anos, é uma mulher transexual e umbandista. Na tarde de segunda-feira (28), o filho de 17 anos de Marciano foi apreendido por participação no crime.
Ainda segundo os investigadores, pai e filho abordaram Nycolle na praça e o homem disparou contra ela, que no momento realizava um trabalho religioso próximo a um ponto de mototáxi. Após o crime, o autor dos disparos teria novamente entrado em contato com a vítima, enviando mensagens com conteúdo ofensivo à sua honra e com viés de intolerância à sua identidade de gênero. Nycolle foi levada para o Hospital Estadual Azevedo Lima e recebeu alta no mesmo dia. A jovem, porém, segue com a bala alojada no rosto.
O adolescente vai responder por crime análogo a tentativa de homicídio, racismo e injúria por preconceito. O menor havia sido apreendido no ano passado pela prática de ato infracional análogo aos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico. Já contra o pai do menor apreendido constam anotações por crime de roubo, difamação, ameaça e violência doméstica. Ele também tem duas passagens pelo sistema prisional.
Relembre o caso
Nycolle relatou que o adolescente se recusou a levar sua amiga na moto: "Ele se recusou a levar minha amiga na moto porque minha amiga era trans. Ele falou que não levaria 'v...' na moto. Foi quando começou a confusão".
No dia seguinte, o pai do agressor buscou por ela. Entretanto, eles se encontraram apenas na segunda-feira, quando Nycolle trabalhava próximo à praça. Os dois suspeitos apareceram de moto e, após um diálogo sobre religião, o pai atirou contra ela.
"A gente já se conhecia. Ele me mandou mensagem no domingo e eu 'catei' a maldade dele. Quando foi na segunda-feira, eu desci para trabalhar. Ele me encontrou e disse: 'a gente tem que desenrolar essa discussão'. Eu falei que ia acender um cigarro na encruzilhada", disse .
O atirador, então, teria perguntado: "Então você gosta de macumba? Está bem protegida?". Umbandista, Nycolle respondeu que sim. "Ele deu uma volta, foi lá no ponto de mototáxi e colocou o filho dele para pilotar a moto. Ele veio na garupa. Eu estava acendendo o cigarro, ele parou na minha frente, levantou a arma e disse: 'Você gosta de fazer macumba'. Eu levantei a cabeça e ele deu um tiro. Eu consegui levantar e correr. Nessa hora, ele tentou dar outro tiro. O filho dele falou 'a outra está ali'. Ele quis ir em cima da minha amiga para dar um tiro nela. Eu comecei a gritar, o pessoal da praça começou a gritar. Foi quando eles deram fuga", concluiu.
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