Vítima foi enterrada no Cemitério de IrajáPedro Medeiros/Agência O Dia
Publicado 23/12/2022 17:19
Rio - Uma tragédia às vésperas das festas de fim de ano. O enterro da auxiliar de serviços gerais Edinalva Bonifácio Francisco, de 43 anos, atropelada e morta pelo próprio companheiro, em Madureira, foi marcado por dor e revolta na tarde desta sexta-feira (23), no Cemitério de Irajá, Zona Norte do Rio. 
Aline Bonifácio, 40 anos, irmã da vítima, revelou que ela já vinha sofrendo com o relacionamento conturbado, mas não denunciou o companheiro à polícia por confiar numa melhora. "Acabou com o Natal da nossa família", desabafou. 
"Ela era uma pessoa maravilhosa, tinha duas filhas, 43 anos, muito dedicada, trabalhadora e amiga. Infelizmente, por causa de um companheiro que não estava retribuindo o carinho que ela tinha. Muita briga dos dois, muito ciúme. A gente já tinha falado com ela, uma semana atrás, para ela separar dele, mas infelizmente não ouviu a gente", lamentou a irmã.
O companheiro de Edinalva, Carlos Gomes da Silva Neto, foi preso ainda nesta quinta-feira (22), horas após cometer o crime. Segundo Aline, ele ainda tentou forjar que o atropelamento teria sido um acidente e que o motorista do carro não tinha sido localizado.
"No dia que aconteceu, ele mesmo chegou na casa da minha mãe falando o que aconteceu. Falando o que aconteceu. Falando que ela tinha tomado um remédio e sido atropelada, que ela estava desnorteada por causa da filha. Nisso, minha mãe percebeu que era mentira dele e disse: 'Você fez alguma coisa com ela'. E ele estava muito bêbado", contou a irmã. 
O caso aconteceu na madrugada desta quinta-feira, em Madureira, na Zona Norte. Edinalva teria saído para encontrar com amigos na Praça do Patriarca, quando foi surpreendida pelo companheiro. A vítima entrou no carro dele e os dois começaram a discutir. Em seguida, uma testemunha contou à família que viu a mulher sendo agredida e pular pela janela do táxi de Carlos para fugir. 
"Ela conseguiu sair por uma janela e entrou em um bar. Os rapazes seguraram ele, mas ela em vez de ficar lá e ligar para polícia, ela saiu correndo de desespero. Nisso, ela vai e passa com o carro por cima dela. Depois disso, ele ainda passou duas vezes pelo lugar e não socorreu ela. Os meninos do bar chegaram a anotar a placa", detalhou a irmã da vítima.
Câmeras flagraram 
Câmeras de segurança instaladas na Rua Capitão Couto Menezes, onde o crime ocorreu, flagraram o exato momento em que Edinalva cai na rua e que o táxi dirigido por Carlos passa por cima dela. O suspeito do feminicídio ainda chega a acelerar o veículo.
"Já tinham acontecido agressões antes, mas ela não denunciou. No domingo anterior, tinha conversado com ela para sair fora dele, porque ele não era futuro para ela. Infelizmente ela não quis ouvir", completou a irmã de Edinalva. 
Alerta da família
A mãe da vítima, Jurema Bonifácio, 63, contou que teve diversas conversas com a filha sobre o comportamento agressivo do companheiro. De acordo com Jurema, a família já vinha alertando para a necessidade de por fim no relacionamento. "Eu sinto muito. Espero que a justiça seja feita com ele", disse a mãe, que havia enterrado o marido, pai de Edinalva, em outubro.
Carlos foi preso em flagrante, no ponto de táxi em que trabalha, em Madureira, ainda na tarde desta quinta-feira (22). Ele foi autuado pelo crime de feminicídio, nesta sexta-feira (23), transferido para unidade prisional onde aguarda audiência de custódia.  
"Temos elementos mais do que suficientes para apontar ele como autor, sem dúvida nenhuma. (...) Ele nega que praticou o fato, mesmo com todas as evidências, mas as imagens, elementos de prova falam por si só. Então, não há nenhuma dúvida", garantiu o delegado Edézio Ramos, titular da 29ª DP (Madureira), responsável pelo caso. 
Edinalva morava com o agressor há cerca de um ano e meio. Ela deixa duas filhas, uma de 6 anos e outra de 13. A irmã também fez um alerta para outras mulheres. 
"Falo para todas que elas têm que denunciar. Não podem aceitar isso. Não aceitar esse tipo de agressão, porque quase sempre termina em tragédia. A pessoa tem que se amar em primeiro lugar e não achar que aquela pessoa ali que está agredindo é a última alternativa. Graças a Deus, nesse caso, a Justiça foi feita", concluiu.
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