Publicado 28/12/2022 12:53
Rio - "Até quando essas balas perdidas vão matar inocentes?". Essas são as palavras de Márcia Cristina Lima Conceição, de 53 anos, mulher de Antônio Carlos Rosário, 57, morto após ser atingido por uma bala perdida durante uma operação na Comunidade da Serrinha, em Madureira, Zona Norte do Rio, nesta terça-feira (27). O corpo do homem ficou mais de 24h no hospital aguardando liberação e foi removido por volta de 14h20 desta quarta-feira (28).
O caso aconteceu por volta das 6h50 de terça-feira (27). Depois de ser atingido, Antônio foi socorrido por um vizinho e pela mulher até o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier. No entanto, ele chegou já sem vida, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
O corpo ficou mais de 24h no hospital aguardando remoção até o Instituto Médico Legal (IML). O recolhimento só foi acontecer por volta das 14h20 desta quarta-feira (28). Para a família, o hospital revelou que não tinha Rabecão disponível. De acordo com Márcia, houve um descaso das autoridades responsáveis sobre o assunto.
"Ele deu entrada ontem[terça] sete e pouca da manhã. É um descaso. Mais de 24 horas. Isso é porque não é o pai, não é o filho e nem o irmão deles. Por isso que fazem isso. Se fosse da família, na mesma hora já tinha resolvido isso. Olha o sentimento que a gente fica. Olha a angústia", comentou a mulher.
Por causa da demora na remoção, ainda não há data nem horário de sepultamento. Márcia contou que ainda não tem cabeça para pensar em entrar com processo contra o estado ou o hospital, mas que vai conversar com a família para resolver o assunto após o velório de Antônio.
A morte aconteceu enquanto Antônio, que trabalhava com refrigeração de forma autônoma, passeava com o cachorro na rua Américo Vespúcio, em Engenheiro Leal, bem próximo da comunidade. De acordo com Márcia, o local onde mora é tranquilo e nunca registrou um caso de violência.
"Ele estava na rua como de costume. Todos os dias ele leva o cachorro para passear aqui fora. Infelizmente, aconteceu isso. Estava tendo uma operação, mas na nossa rua, é tranquilo. Não tem nada. Passou helicóptero atirando e a gente saiu correndo. Ele só me olhou e falou que tinha sido atingido no braço. Eu não sei explicar se o tiro saiu. Foi uma coisa muito rápida. Infelizmente, mais uma vítima da tragédia que está acontecendo no Rio de Janeiro. Está demais. Mais um trabalhador e um pai de família que foi embora", disse a manicure em conversa com o DIA.
Márcia revelou que Antônio era uma pessoa querida na família e na vizinhança. O casal estava junto há 36 anos e tem dois filhos, sendo um de 32 e outro de 34.
"Nossa relação era boa. Um pai de família. Amigo dos filhos, amigo dos netos. Muito tranquilo. Aqui na rua todo mundo gostava dele. As pessoas estão me ligando e falando que estão sentindo falta dele andando com o cachorro e dando tchau para outros animais. A gente não acredita que isso aconteceu", completou.
Liberação do corpo
De acordo com a SMS, a direção do hospital comunicou sobre a morte de Antônio à delegacia de Polícia Civil da área, a quem cabe expedir a ordem de remoção do corpo para o IML, nesta terça-feira (27). A remoção é realizada pela Defesa Civil Estadual. A secretaria ressaltou que já reforçou o contato com o órgão para a retirada.
Procurada, a Defesa Civil informou que só foi acionada para a remoção às 13h05 desta quarta-feira (28) pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). A viatura fez o recolhimento por volta das 14h20.
De acordo com a Defesa Civil, há 17 viaturas de remoção de cadáveres (ARC) operantes no estado, sendo 3 na capital e 14 no interior. Outras 35 viaturas estão em processo de licitação.
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