Prefeitura toma posse da área da antiga Universidade Gama Filhoreprodução
Publicado 12/04/2023 10:30 | Atualizado 13/04/2023 10:06
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Rio - A Prefeitura do Rio anunciou, nesta quarta-feira (12), que tomou posse da área da antiga Universidade Gama Filho, na Zona Norte, para a construção do Parque Piedade no local. O espaço, de aproximadamente 18 mil metros quadrados, estava abandonado desde 2014 e, ainda em 2021, a administração municipal começou o processo de desapropriação dos imóveis do terreno, que conta com 15 prédios.
O anúncio foi feito pelo prefeito Eduardo Paes. "Parque da Piedade GAMA FILHO!!! Depois de muito tempo de discussão sobre a desapropriação da área da antiga Gama Filho na Piedade, conseguimos nos últimos dias uma decisão favorável da justiça para tomarmos posse da área destinada à implantação do Parque! Levou mais tempo do que gostaríamos mas, em razão dos imóveis estarem sobre administração judicial, as coisas ficam mais complexas. Devemos até semana que vem publicar a licitação para implantação do Parque e iniciar as obras no segundo semestre, requalificando essa importante área da Zona Norte! Vai ficar incrível", disse ele no Twitter.
O projeto do Parque Piedade, que será feito nos moldes do Parque Madureira, prevê área molhada infantil, de convivência e serviços; espaços de lazer para crianças e cães; academia da terceira idade; horta urbana; campo de futebol; pista de skate; além de espaço cultural. Em uma parceria com a Fecomércio, a Prefeitura pretende aproveitar as áreas esportivas, o teatro e a piscina da universidade, como forma de manter a vocação educacional do local.
Além disso, a proposta fala ainda na revitalização de toda a região, com melhorias de pavimentação, sinalização, iluminação, paisagismo, rampa de acessibilidade na estação de trem da Piedade, pela Rua Goiás, e ciclovia na Rua Manoel Vitorino. A Rua da Capela, onde fica a Capela Nossa Senhora da Piedade, tombada pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), em 1996, devido a sua importância arquitetônica, histórica e cultural, também será contemplada.
"Já tínhamos depositado em juízo R$ 45 milhões pelas desapropriações dos imóveis. Mesmo assim, não conseguíamos o direito de começar a construir o parque. Vamos fazer a licitação ainda neste mês. E não só o Parque, mas faremos a requalificação do entorno, resolvendo também a questão dos alagamentos que atormentam a região", complementou o subprefeito da Zona Norte, Diego Vaz.
Símbolo da Zona Norte
A universidade foi fundada em 1951 pelo ministro Luiz Gama Filho e, ao longo das décadas seguintes, se tornou uma das mais renomadas instituições de ensino superior privadas, chegando a ter a maior faculdade de medicina do país e sendo reconhecida pela atuação poliesportiva. A instituição permaneceu sendo administrada pela família Gama Filho com o passar do tempo. Entretanto, a universidade começou a enfrentar problemas financeiros, com divídas de mais de R$ 200 milhões com fornecedores, funcionários e o governo. Dessa forma, o então presidente da instituição, Paulo César Prado Ferreira da Gama, decidiu, em 2010, passar o controle para seu advogado Márcio André Mendes Costa, que criou o Galileo Educacional para reestruturar a Gama Filho.
Na administração do grupo, a universidade recebeu investimentos milionários dos fundos de pensão da Postalis, dos Correios, e da Petros, da Petrobras, além de empréstimos bancários. O Galileo ainda incorporou à sua administração a UniverCidade que também enfrentava problemas financeiros. Nesta gestão, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) chegaram a ser contratados para aulas do curso de Direito, ao passo que outros professores e funcionários eram demitidos.
Em 2012, a instituição também encerrou o contrato com o hospital onde alunos de medicina faziam aulas práticas. Com problemas na estrutura, o Ministério da Educação diminuiu o número de vagas por vestibular e, em 2013, instaurou um processo administrativo contra a Gama Filho, impedindo que novos estudantes se matriculassem. No ano seguinte, a universidade fechou as portas, ao ser descredenciada pela baixa qualidade acadêmica, comprometimento da situação econômico-financeira e falta de um plano de resolução.
Dois anos depois, em 2016, a Justiça do Rio decretou a falência do Galileo, após negar o pedido de recuperação judicial feito pelo grupo, que não recorreu. Desde então, a massa falida ficou sob a responsabilidade de administradores judiciais, até que, em abril do último ano, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, publicou no Diário Oficial um decreto que declarava a utilidade pública, para fins de desapropriação, de 35 endereços ligados à Gama Filho. À época, a massa falida descreveu a medida como benéfica para a comunidade e para os credores prejudicados.
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