Alessandra dos Santos, de 35 anos, passista que teve o braço esquerdo amputado após complicações em uma cirurgia para retirada de miomas no Hospital da Mulher, em São João de MeritiCleber Mendes/ Agência O Dia
Publicado 25/04/2023 16:59
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Rio - Tentando se adaptar após a amputação de parte do braço esquerdo, a passista Alessandra dos Santos Silva, de 35 anos, desabafou sobre a perda do braço e afirmou que foi vítima de um erro médico. Ela, que também é trancista, foi a uma consulta de revisão no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, na tarde desta terça-feira (25), e disse não ter dúvidas que o seu caso se trata de um erro médico por parte do Hospital da Mulher, em São João de Meriti, na Baixada. "Só espero que a justiça seja feita", pediu.
Ela ainda falou sobre os desafios que está enfrentando nos últimos dias. "Eu ainda sofro muito, tenho 1,83 de altura, como que fica andando assim? As pessoas tinham que pensar mais na vida do outro. Resolvi falar para ajudar outras pessoas, que elas tomem coragem para denunciar também. Por mínimo que seja o erro, se todo mundo se unir isso [erro médico] vai acabando. Isso destrói sonhos, destrói vidas", desabafou Alessandra ao ser amparada pela mãe Ana Maria para conseguir caminhar.
A mãe da passista também disse estar indignada com as insinuações de que a responsabilidade pela amputação do membro da filha tenha sido do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (Iecac), em Botafogo, na Zona Sul, unidade que realizou a retirada do membro. "Os profissionais do Hospital da Mulher em momento nenhum conversaram com a gente, ainda querem jogar a culpa para o hospital que salvou a vida dela", disse.
Cirurgião cita 'problema vascular' após procedimentos
Em depoimento na 64ª DP (São João de Meriti), nesta terça-feira (25), o cirurgião Gustavo Machado, que participou da operação de retirada de miomas e histerectomia (retirada do útero) de Alessandra citou um problema vascular da paciente após os procedimentos que podem ter levado à amputação do braço esquerdo da paciente.
Ao delegado Bruno Enrique de Abreu Menezes, titular da distrital, o cirurgião explicou detalhadamente o procedimento realizado no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Ele afirmou também que a decisão pela amputação do membro foi da equipe do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (Iecac), em Botafogo, na Zona Sul.
O caso está em investigação na 64ª DP, que realiza diligências e ouve a equipe médica que atendeu Alessandra. A Secretaria de Estado de Saúde do Rio (SES) informou que a Fundação Saúde abriu sindicância para apurar o ocorrido no Hospital da Mulher Heloneida Studart.
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio (Cremerj) também abriu uma sindicância para apurar os fatos narrados.
Vaquinha para ajudar passista
Nesta terça-feira (25), grupos de passistas de escolas de samba do Rio de Janeiro iniciaram uma campanha para arrecadar dinheiro para Alessandra conseguir custear as despesas médicas. A Grande Rio, escola do coração da passista, Portela e a Inocentes de Belford Roxo ajudaram na divulgação.
A passista explica que antes da amputação ela trabalhava como trancista, no entanto, devido ao ocorrido, ela está sem trabalhar. "Como não posso mais trabalhar, várias passistas estão fazendo vaquinhas para me ajudar", disse Alessandra.
*Colaboração de Cleber Mendes.
 
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