Alessandra mostra laudo médicoReprodução/TV Globo
De acordo com a passista, em agosto do ano passado, exames apontaram a presença de miomas em seu útero e os médicos recomendaram a retirada imediata. Entretanto, a cirurgia só foi realizada no dia 3 de fevereiro deste ano, no Hospital da Mulher. À noite, após o procedimento, as primeiras complicações começaram a aparecer, quando uma hemorragia foi identificada e Alessandra precisou ser submetida uma histerectomia total (retirada do útero), no dia seguinte.
Durante a visita, depois da cirurgia, familiares encontraram a paciente intubada, com as pontas dos dedos esquerdos escurecidas, além de braços e pernas enfaixados. Ao serem questionados, os profissionais alegaram que ela estava com frio. No dia 6 do mesmo mês, os parentes foram informados pela equipe médica que a mulher seria transferida para o Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (Iecac), em Botafogo, na Zona Sul, porque seu braço estava praticamente preto e começando a necrosar.
A trancista chegou a passar por uma drenagem no Iecac, que não surtiu efeito. A família precisou ser convocada e autorizou a amputação do braço, já que os médicos afirmaram que Alessandra não sobreviveria se mantivesse o membro, por conta das chances da necrose se alastrar. Mesmo depois da cirurgia, a vítima ainda sofreu com complicações, tendo os rins e o fígado quase paralisados, além do risco de uma infecção generalizada.
Alessandra só foi extubada em 12 fevereiro e teve alta da unidade de saúde dois dias depois. Entretanto, ao retornar ao Instituto para a revisão da cirurgia de amputação, no dia 28 seguinte, o médico notou que os pontos das cirurgias realizadas em São João de Meriti estavam em mau estado e recomendou que ela procurasse um hospital.
Após deixar o hospital, a trancista registrou uma ocorrência na 64ª DP (São João de Meriti). Ao DIA, a Polícia Civil esclareceu que agentes da distrital requisitaram o laudo médico de atendimento para análise e seguimento às investigações, que estão em andamento. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio (SES) informou que a Fundação Saúde vai abrir sindicância para apurar o ocorrido no Hospital da Mulher Heloneida Studart.
Em nota, o Acadêmicos do Grande Rio disse que está acompanhando o caso de perto e que já ofereceu todo o suporte necessário para ela e sua família. "Nos uniremos ao esforço de buscar justiça diante do ocorrido", completou a agremiação. Nas redes sociais, a secretária municipal de Ambiente e Clima do Rio, Tainá de Paula, se manifestou sobre o caso.
"Não é aceitável a falta de informações que se dá a uma mulher que se internou para a retirada de um mioma e sai do hospital - depois de quase morrer - com o braço amputado. É urgente que uma investigação séria e rápida seja feita para que se entenda exatamente o que aconteceu (...) Sabemos do quanto a população negra é a que mais sofre com negligências médicas, em especial mulheres negras. Centenas das nossas morrem todos os dias em situações de violência obstétrica sem que suas famílias tomem conhecimento do real motivo", escreveu em uma publicação nas redes sociais.
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