Evento contou com a presença de 300 a 400 pessoas, segundo a organizaçãoReprodução
Publicado 01/05/2023 19:21 | Atualizado 01/05/2023 20:27
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Rio - Membros de religiões de matriz africana se reuniram, no último sábado (29), em um shopping no Cachambi, Zona Norte do Rio, para realizar um "flashmob", uma espécie de mobilização repentina. Centenas de pessoas compareceram ao local e fizeram uma grande manifestação de fé, contra a intolerância religiosa.
Vídeos que viralizaram nas redes sociais mostram os religiosos no local cantando e dançando, em uma área externa do complexo do shopping. Logo depois do encontro, o grupo se dispersou rapidamente, uma característica do estilo flashmob. De acordo com a organização, o evento contou com a presença de quase 400 pessoas.
Em março deste ano, evangélicos viralizaram após cantarem e dançarem em um shopping de Petrópolis, na Região Serrana, e em um supermercado da Freguesia, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio.
Ao DIA, o cantor e escritor André Gabeh, organizador do evento do último sábado, informou que a ideia da apresentação era enaltecer a beleza e a paz das religiões de matriz africana, da mesma forma que representantes de outros credos fizeram recentemente.
"Eu vi manifestações evangélicas em vários shoppings, em supermercados e os comentários, em sua maioria, sempre enaltecem a beleza e a paz que esses eventos transmitem. Quis mostrar que o axé também pode estar nos mesmo lugares e que somos belos, pacíficos, alegres e que nossa fé também precisa ser vista, enaltecida e respeitada. Meu objetivo era a reunião. Era cantar. Vibrar. Era ser visto. Era abraçar meu irmão de fé. Era mostrar o axé acontecendo pra quem quisesse ver. Conseguimos. Conseguimos pacificamente e sem atrapalhar o direito de ir e vir de ninguém, porque programamos algo rápido e em local de fácil dispersão. Eu amei o resultado e apesar de torcer muito pra que aquilo lotasse, como aconteceu, eu não imaginava que fosse ter tanta gente", contou.
Para Gabeh, a sociedade vive em um momento de extrema polarização de tudo, o que contribui para um aumento da intolerância religiosa contra as religiões de matriz africana. Por outro lado, ele acredita que o ódio dos intolerantes dá mais motivos para representantes da umbanda e do  andomblé lutarem por respeito e pelo fim do preconceito. 
"A verdade é que vivemos em um momento de extrema polarização de tudo. Isso é muito ruim porque várias guerras estão sendo travadas. Mas é bom porque as pessoas perderam a vergonha de serem intolerantes e conseguimos identificar a maioria dos nossos inimigos e correr atrás de nossos direitos. As pessoas elogiam tudo que é 'cristão' porque as religiões de matriz africana são demonizadas e, durante muito tempo, foi normalizado hostilizar umbandistas, candomblecistas e etc. Acho até [que a reunião de sábado] que atiça mais o ódio dos intolerantes. Mas também acredito que isso nos fortalece e que isso mostra que não temos medo, que temos orgulho do que é nosso e que resistiremos até o fim", completou.
A apresentação aconteceu no mesmo dia em que uma família acusou um motorista de aplicativo de intolerância religiosa em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Na ocasião, a empresária Taís da Silva Fraga, que estava acompanhada de suas duas filhas, de 8 e 13 anos, vestidas com trajes do candomblé, solicitou a viagem para ir a um terreiro, mas o suspeito não quis levá-la por conta da roupa que as três estavam usando. A Polícia Civil investiga o caso.
 
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