Funcionários da prefeitura de Duque de Caxias são investigados por fraudes na vacinação de BolsonaroDivulgação
Publicado 03/05/2023 16:45 | Atualizado 03/05/2023 18:58
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Rio - A chefe da central de vacinação do município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Cláudia Helena da Costa Rodrigues, é investigada como responsável pela retirada dos dados da vacina contra o covid-19 do ex-presidente Jair Bolsonaro, da filha dele, Laura Bolsonaro, e de pelo menos outras três pessoas. Segundo informações do jornal 'Folha de S. Paulo', Cláudia Helena foi levada por agentes à sede da Polícia Federal, na tarde desta quarta-feira (3), para esclarecer os fatos.
Ela é um dos alvos da Operação Venire, realizada na manhã de quarta-feira (3), para esclarecer a atuação de associação criminosa constituída para a prática dos crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a covid-19 nos sistemas SI-PNI e RNDS do Ministério da Saúde.
De acordo com a Polícia Federal, as inserções de dados falsos ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022 e tiveram como consequência "a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a covid-19 dos beneficiários". Cláudia teria feito a retirada dos dados da vacinação de Bolsonaro no dia 27 de dezembro do ano passado. Três dias após a exclusão das informações, em 30 de dezembro, o ex-presidente viajou aos EUA, onde ficou até março deste ano.

"Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes impostas pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa", disse o órgão federal em nota.
Além de Bolsonaro e da filha, Cláudia Helena também teria retirado informações sobre a vacinação do tenente-coronel Mauro Cid, preso durante a Operação Venire, e de dois familiares do ex-ajudante de ordem da Presidência.
As ações ocorrem dentro do inquérito policial que apura a atuação do que se convencionou chamar "milícias digitais", em tramitação perante o Supremo Tribunal Federal. Os fatos investigados configuram em tese os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.
Prefeitura de Caxias na mira da PF
O secretário municipal de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha, está entre os presos na operação da Polícia Federal. O deputado federal Gutemberg Reis (MDB), irmão do ex-prefeito de Caxias e atual secretário estadual de Transportes do Rio Washington Reis, também foi alvo de busca e apreensão. A Polícia Federal foi a endereços ligados ao parlamentar no município da Baixada Fluminense.
O deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) informou que colaborou integralmente com os agentes da Polícia Federal, nesta quarta, que estiveram no seu gabinete em Brasília. O parlamentar reiterou que recebeu todas as doses da vacina, incentivou, por meio das redes sociais, a imunização da população e colocou sua carteira de vacinação à disposição. O deputado acrescentou que ainda está tomando conhecimento dos detalhes das investigações da Operação Venire.
A servidora da prefeitura de Caxias Camila Paulino Alves Soares também foi alvo de buscas e apreensões nesta quarta-feira (3).
Ministério da Saúde nega invasão externa ao sistema
O Ministério da Saúde informou, nesta quarta-feira (3), que todas as informações inseridas no sistema de registro de imunizações do Sistema Único de Saúde (SUS) são rastreáveis e feitas mediante cadastro. Segundo a pasta, não há relato de invasão externa ou de acesso sem cadastro ao sistema.

Por meio de nota, o Ministério da Saúde ressaltou que mantém "rotina para a sua segurança" e que passa regularmente por auditorias. A pasta acrescentou que, desde o início das investigações, mantém conduta alinhada à Controladoria-Geral da União (CGU) e em consonância com a Lei de Acesso à Informação.

"O Ministério da Saúde informa que colabora com as investigações da Polícia Federal na forma da lei e segue à disposição das autoridades."
O que diz a prefeitura de Duque de Caxias
Procurada pela reportagem, o município de Duque de Caxias ainda não se pronunciou sobre os funcionários investigados pela Polícia Federal.
A defesa de Cláudia Helena não foi localizada pela reportagem. O espaço está aberto para manifestação.
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