Publicado 18/06/2023 11:06 | Atualizado 19/06/2023 11:12
Rio - "Quando eu for ao Rio, não vou ver meu irmão vivo e, sim, na cova". O relato é de Érica da Conceição, 27 anos, irmã de Maurício da Conceição, 32, morto na sexta-feira (16) após levar um tiro de um PM durante uma briga familiar em São Cristóvão, na Zona Norte. A família vive em Itajaí, em Santa Catarina, de onde Maurício saiu em busca de trabalho e melhores condições de vida.
Ao DIA, Érica contou como era a relação de Maurício com a família. "Ele era o caçulinha. Bom menino, trabalhador e saiu de perto dos parentes em busca de novas oportunidades no Rio. Maurício era muito amado pela família e por amigos", disse.
O corpo do pedreiro está no IML do Centro e só pode ser liberado com a presença de um familiar direto. Como o jovem não tinha parentes no Rio, o corpo só será reconhecido após 72 horas - na próxima terça-feira (20). "O enterro vai ser no Rio, pois a família não tem condições de trazer o corpo e nem de ir para a cidade agora. Mas a minha cunhada prometeu dar um enterro digno ao meu irmão", explicou Érica.
O DIA revelou, neste sábado (17), que Gustavo Evangelista Ferreira, suspeito de matar Maurício, é lotado no Quartel General da corporação. Em nota, a Polícia Civil disse que a arma do militar foi apreendida. De acordo com informações, Gustavo segue solto e o caso está sob investigação da Corregedoria da Polícia Militar e da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).
O delegado Leandro Costa, titular da DHC, explicou o motivo da liberdade do suspeito. "A prisão só é realizada em flagrante ou por ordem judicial. Neste caso, em regra geral, há indícios do militar ter agido em legítima defesa. Por isso, a gente apreende a arma dele, afinal ele está sob investigação, e o inquérito é instaurado com o suspeito em liberdade", disse.
A assessoria da Polícia Civil ainda contou que, conforme a lei, quando o suspeito se apresenta espontaneamente, confessa e contribui com a investigação, ele não precisa ficar detido naquele momento. Após o episódio da noite da sexta-feira (16), O PM Gustavo Ferreira se apresentou na DHC para prestar depoimento.
A família de Maurício pede por justiça. "Eu quero olhar pra cara desse PM que tirou a vida do meu irmão. Não tinha necessidade dele fazer isso: era uma briga de família, mãe e filha. A gente só quer justiça", relatou a irmã da vítima.
Érica ainda contou como a família soube da notícia. "Eu fui a primeira a saber. Minha cunhada me mandou uma mensagem às 4h30 deste sábado (17) me pedindo socorro. Quando liguei pra ela, soube que meu irmãozinho tinha falecido. Então, dei a notícia para a família toda. Minha mãe e minhas irmãs estão em choque".
Maurício da Conceição é natural de São Paulo, foi criado em Pernambuco e vivia em Itajaí, em Santa Catarina. O pedreiro morava no Rio de Janeiro há dois anos. Segundo familiares, ele se mudou para procurar oportunidades de emprego e, desde então, trabalhava como pedreiro.
Policial atingiu perna de pedreiro
Segundo uma testemunha, o crime aconteceu após uma confusão entre mãe e filha. "Foi por volta de 22h20. A mãe entrou em luta corporal com a filha e parece que o namorado da menina, que é PM, tentou separar e deu um tapa no rosto da 'sogra'. Nisso, o marido da mãe foi pra cima dele e, então, o militar sacou a arma e deu um tiro no homem", relatou.
O DIA apurou que Daiana Leandra, de 23 anos, namorada de Gustavo, se desentendeu com a mãe na frente do restaurante que administra, na Rua Alves Montes. Durante a briga, o militar, bateu na mãe de Daiana e Maurício foi defendê-la. Em seguida, o pedreiro foi baleado na perna direita.
*Reportagem do estagiário Leonardo Marchetti, sob supervisão de Bernardo Costa
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